A presidente da Comissão dos Direitos da Mulher, vereadora Maria Avallone (PSDB), afirmou que tem recebido denúncias de mulheres vítimas de violência que enfrentam dificuldades para buscar ajuda e defende a ampliação dos pontos de atendimento aos casos. Como exemplo, a parlamentar citou a situação de uma vítima que, ao solicitar uma corrida por aplicativo para buscar atendimento médico, foi recusada por estar ensanguentada. A vereadora ainda solicita uma audiência com o governador Mauro Mendes (União) para somar esforços no combate a este tipo de crime.
“Quem é violentada lá no Pedra 90, para ela chegar até o HMC, é longe. Teve um caso de uma mãe, de uma mulher, que ela foi agredida, toda ensanguentada, ela pediu carro de aplicativo. Às vezes elas não têm dinheiro, mas essa tinha por acaso, e estava com uma criança. O motorista não aceitou, porque ela estava toda ensanguentada. Olha como está a situação”, disse à imprensa essa semana.
A parlamentar também solicita uma audiência com o governador para debater o tema e discutir políticas públicas que, para além do combate a violência, promovam melhor estrutura para cidade e para famílias. “É uma vergonha. Me sinto muito impotente diante de tantas coisas que a gente vê, tantas mulheres sendo assassinadas, tiradas da família, quantas crianças ficaram sem as mães e não vemos ações concretas acontecendo. Então, eu peço uma audiência com o governador para participar e nos ajudar, porque só nós, mulheres, não damos conta. Precisamos da força de todos os homens”, declarou.
A vereadora relembrou do caso do feminicídio da técnica de enfermagem Gabrieli Daniel de Souza, 31, morta diante dos filhos na tarde de domingo (25) pelo marido, o policial militar Ricker Maximiano de Moraes, 35, e criticou o fato do PM, que em tese deveria proteger a sociedade, ter posto fim a vida da própria companheira.
Ela relatou que recebe diversas denúncias de mulheres que a pedem ajuda para enfrentar a violência que sofrem dentro de casa e que fez uma vistoria no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). Ela relatou ter visto uma boa estrutura com recepção, sala para crianças, mas apontou que faltam profissionais no atendimento.
A vereadora defende que o atendimento seja descentralizado, com pontos de acolhimento pela cidade.
“Nós estamos sem calçadas, com ruas abandonadas, escuras, sem segurança, sem iluminação, sem uma praça arrumada, sem estrutura de esporte para as crianças brincarem. Nós não vamos ter nunca qualidade de vida. As mulheres estão em situações assim. Precisamos ter estrutura de qualidade para que as mulheres cheguem em casa do seu trabalho e encontrem um bairro com estrutura”, acrescentou.
Audiência pública na Câmara
Maria Avallone apresentou, no dia 22 de maio, um requerimento solicitando a presença da secretária da Mulher, tenente-coronel Hadassah Suzannah na próxima reunião da Comissão da Mulher, com o objetivo de debater medidas efetivas de proteção às mulheres na capital. A audiência pública está prevista para ocorrer no dia 11 de junho, às 15 horas.
O pedido se deu após denúncia sobre a falta de equipes técnicas para prestar apoio às vítimas de violência doméstica e familiar dentro do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). A situação chegou a conhecimento do Ministério Público Estadual, que por meio da promotora de Justiça Claire Vogel Dutra, coordenadora do Núcleo das Promotorias de Justiça Especializadas no Enfrentamento da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital, deve apurar a denúncia do fechamento de duas unidades de acolhimento às mulheres vítimas de violência no município de Cuiabá, concentrando o atendimento apenas no HMC.