Quarta-Feira, 14 de Dezembro de 2022, 18h56
DANO DE R$ 1,4 BI
Justiça embarga duas fazendas em MT do maior destruidor do Brasil
Empresário promoveu desmate ilegal de 4,5 mil hectares
Da Redação
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da Promotoria de Justiça de Itiquira (a 357km de Cuiabá), obteve decisão liminar favorável em ação civil pública ambiental contra a Agropecuária Rio da Areia Ltda e Édio Nogueira, apontado como "o campeão do desmatamento no Brasil" pela Revista Veja há dois anos. A juíza Fernanda Mayumi Kobayashi decretou o embargo das áreas desmatadas, queimadas ou degradadas das fazendas Santo Antônio do Paraíso e Santo Antônio do Paraíso I, determinou o isolamento dos polígonos e a suspensão das atividades que impeçam a regeneração natural da vegetação nativa.
Conforme a decisão, os requeridos também deverão desfazer os drenos artificiais e estradas-diques existentes nos imóveis, bem como abster-se de realizar novos desmatamentos e quaisquer atos de substituição da vegetação nativa (inclusive de gramíneas) do Pantanal Mato-grossense ou do Cerrado. A Justiça ainda determinou que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) se abstenha de aprovar o cadastro ambiental rural da fazenda Santo Antônio do Paraíso I, bem como de aprovar a adesão do referido imóvel ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) sem que haja, previamente, o desfazimento dos drenos artificiais e estradas-diques que impedem o fluxo de água na Planície Alagável da Bacia do Alto Paraguai.
Conforme o MPMT, as investigações começaram a partir de alertas da plataforma Global Forest Watch, que identificaram áreas de perda de cobertura na Fazenda Santo Antônio do Paraíso I (situada na Planície Alagável do Pantanal Mato-grossense), usando informações de imagens de satélite em tempo próximo ao real (Projeto Olhos da Mata). No decorrer do inquérito civil instaurado para investigar o caso, foi constatado desmatamento ilegal de 4.595,78 hectares de vegetação nativa do bioma Pantanal Mato-grossense na Fazenda Santo Antônio do Paraíso I; desmatamento ilegal de 17,75 hectares de vegetação nativa do Cerrado, fora de reserva legal, na Fazenda Santo Antônio do Paraíso; incêndio florestal de grandes proporções nos referidos imóveis e construção de drenos artificiais que impedem o fluxo natural das águas na Planície Pantaneira.
A valoração monetária dos danos ambientais causados no imóvel pode chegar a aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Diversos autos de infração foram lavrados pela Sema, assim como elaborados relatórios técnicos, até que os requeridos manifestaram interesse em proceder à autocomposição. Audiências extrajudiciais foram realizadas, mas a solução consensual, em que se discutia a criação de uma unidade de conservação em parte do imóvel para compensar os danos, não evoluiu.
Como forma de compensar o dano ambiental climático, a decisão impõe aos requeridos cautelarmente a obrigação de fazer consistente em isolar (inclusive do acesso por gado) cerca de 6,2 mil hectares de vegetação nativa do Pantanal Mato-grossense, com vistas a instituição de sumidouro de carbono para assegurar a compensação dos mais de 2,2 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) ilegalmente emitidos, conforme levantamento técnico do Ministério Público. Além disso, o MPMT irá apresentar, no prazo de 30 dias, o polígono da área, fora de área de reserva legal e áreas de preservação permanente, com maior interesse ambiental para captura e estocagem de carbono.
A decisão liminar também proíbe a Sema de expedir novas autorizações para desmatamento ou limpeza de pastagens nas fazendas Santo Antônio do Paraíso e Santo Antônio do Paraíso I, bem como determina que sejam revogadas as autorizações de desmatamento eventualmente emitidas, até a declaração da completa reparação dos danos ambientais objeto da ação civil pública. Foi ainda determinado ao Instituto de Defesa Agropecuária do Estado Mato Grosso (Indea) que se abstenha de expedir guias de trânsito animal (GTAs) com saída ou destino às fazendas Santo Antônio do Paraíso e Santo Antônio do Paraíso I, ressalvada, uma única vez, a retirada integral de todo o gado da área embargada, vedando novas emissões de GTAs até que os requeridos comprovem em Juízo que o rebanho existente naquelas propriedades não possuem acesso às áreas ilegalmente desmatadas e queimadas.
O Indea também deverá remeter ao Juízo de Itiquira, em formato eletrônico e legível por máquina, todas as GTAs expedidas tendo como local de saída as Fazendas Santo Antônio do Paraíso e Santo Antônio do Paraíso I, do ano de 2017 até a presente data, a fim de serem identificadas as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por adquirirem, intermediarem, transportarem ou comercializarem produtos ou subprodutos de origem animal produzidos em áreas embargadas, em que ocorreram crimes ambientais.
"É uma decisão muito importante para a defesa do Pantanal, um patrimônio nacional há séculos utilizado de maneira sustentável pelo homem pantaneiro, hoje ameaçado por grandes empreendimentos que, ilicitamente, tentam drenar e secar uma área cuja principal característica é o pulso de inundação”, argumentou o promotor de Justiça Claudio Angelo Correa Gonzaga, autor da ação.
Segundo o promotor, “por meio do acesso às GTAs dos imóveis, o Ministério Público de Mato Grosso poderá começar um trabalho para descobrir quem são os grandes frigoríficos que se beneficiam indiretamente do crime ambiental, inclusive pela negligência ao deixarem de realizar o rastreamento dos fornecedores indiretos de gado. Essas empresas podem e devem ser responsabilizadas por se beneficiarem do desmatamento ilegal, maior causa brasileira de emissões de gases do efeito estufa”.
Fernando Mendes | 17/12/2022 07:07:31
Parabéns pela decisão....porém como sempre judiciário demora por demais....se tivesse ocorrido mais sedo teria evitado mais danos ao meio ambiente e freiado as práticas criminais de devastação...
Carlos menin | 16/12/2022 09:09:44
Tem que aplicar multas pesadas que não compense a destruição.... só entendem com o bolso essas pragas.
Jorge Carlos Reiners | 16/12/2022 07:07:35
Ãgua que nasce das fontes: secaram as fontes no planalto como consequência diminuição das vazantes e corixos no Pantanal, nao sabem diferenciar Cambará de Piúva, pau dóleo de marmeleiro, não conhecem mangaba, arichicum, Pateiro, fruta de veado, lobeira, capim Mimoso, fura bucho etc. Sou de famÃlia pantaneira há 140 anos e alguns querem secar o Pantanal para o plantio de SOJA. NÃO deixem secar a fonte seus netos sofrerão as consequências.
Sincero | 16/12/2022 07:07:09
Vão atrás dos frigorÃficos???? Kkkk até chegar no maior, que é do amigo, aquele que pagava propinas... Todo trabalho vai acabar bem nessa hora!
Irmalopes vieira | 15/12/2022 22:10:46
Esse povo que pensa só em dinheiro so vai sofrer porque quando partir desse mundo nao vai levar a roupa nem do corpo o inferno ta esperando muitos dessa terra a ganancia e demais mais nao quero esta no lugar desses ladroes e gananciosos prefiro ser pobre e servir o meu rei Jesus só ele pra nós dar forças nessa terra
Jefter | 15/12/2022 21:09:57
Qualquer coisa nesse paÃs que comece com alguma "instituição que quer proteger o meio ambiente " é muito suspeito, ainda mais partindo de ONGs
Ze | 15/12/2022 19:07:14
KD as florestas da europa, roubaram nosso ouro e diamante agora somos os culpados. 500 anos de expliracao. Tem gente que só vê igual égua com tapume
Urbano Ramos | 15/12/2022 17:05:34
Multar somente não basta tem que prender e fazer pagar e reflorestar as áreas desmatadas
Mônica Areias | 15/12/2022 17:05:06
Fazendeiros vagabundos, prejudicam o Brasil e o mundo inteiro pela ganância desenfreada, onde o dh vem em primeiro lugar do que a vida e a preservação do planeta
Silvio Borges dos Santos | 15/12/2022 10:10:50
Grande decisão da justiça de MT , se não for com mãos de ferro contra esses criminosos ambientais , o Brasil não avança rumo a despoluição do planeta
Sergio Pereira Bonalumi | 15/12/2022 10:10:17
Nao basta multar tem que prender
muito louco | 14/12/2022 21:09:44
Esses são os gananciosos destruidores das florestas que pensam que são os donos da terra, quando na verdade são meros exploradores do que não é deles e sim de Deus, ai então teremos, mais chuva, mais calor, mais seca, porque a ambição por dinheiro, destroi o que Deus nos deixou, ou seja a floresta, fonte de equilibrio entre o homem e a natureza.
Lucio bartz | 14/12/2022 20:08:01
Vivaaaa...vamos por o MST lá.....povo do bozo desmata e MST cultiva
Clima faz empresa do agro em MT entrar em RJ de R$ 30 milhões
Segunda-Feira, 19.05.2025 23h39
TJ anula sentença e MT corre risco de pagar indenização milionária a alvo da PC
Segunda-Feira, 19.05.2025 23h35
Empresa orienta clientes não pagar dívidas e esconder veículos em MT
Segunda-Feira, 19.05.2025 20h50
Feirão de Empregos oferece mais de 300 vagas até sexta-feira
Segunda-Feira, 19.05.2025 17h53
Mulheres permissionárias do Mercado do Porto recebem qualificação
Segunda-Feira, 19.05.2025 17h26