Quarta-Feira, 08 de Março de 2023, 08h30
HYPNOS 2
Ex-diretor guarda documentos da Saúde e tentou sumir com provas
Trata-se de desdobramento da ação que desarticulou esquema na Saúde de Cuiabá
Da Redação
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), deflagrou nesta quarta-feira (08.03), a 2ª fase da operação “Hypnos”, para cumprimento de novas ordens judiciais relacionadas à investigação de um suposto esquema que teria se instalado na Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP), em 2021.
Nesta 2ª fase estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra o ex-diretor da Empresa Cuiabana de Saúde, Eduardo Pereira Vasconcelos, e o empresário Maurício Miranda de Melo, a suspensão do exercício de função pública de três servidores da Central de Abastecimento Farmacêutico da ECSP e a suspensão do exercício de atividade de natureza econômica da empresa Remocenter Remoções e Serviços Médicos Ltda. A investigação foi concluída em 17 de fevereiro de 2023 e já foi convertida em ação penal, com denúncia oferecida pelo Ministério Público e recebida pelo juízo da 7ª Vara Criminal da Comarca da Capital, tornando réus os 11 indiciados no inquérito policial.
Também foram determinadas duas medidas cautelares diversas da prisão contra oito investigados que respondem em liberdade à ação penal, além de estarem proibidos de manterem contato entre si, eles estão proibidos de acessarem as dependências administrativas da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, da Empresa Cuiabana de Saúde Pública, do Hospital Municipal de Cuiabá e do Hospital Municipal São Benedito. Ainda foi ampliada a determinação quanto ao sequestro de bens, que agora supera o montante de R$ 3,2 milhões, valor correspondente a todos os pagamentos supostamente fraudulentos encontrados, atingindo os onze réus e todas as empresas registradas no nome de um deles.
PROVAS
Eduardo Pereira Vasconcelos é suspeito de ter tentado desaparecer com provas e atrapalhar as investigações. No dia da deflagração da 1ª fase da operação Hypnos, no cumprimento de buscas na casa do alvo, foram encontradas e apreendidas peças de um processo administrativo que deveriam estar nas dependências da Empresa Cuiabana de Saúde Pública.
Dentre os documentos, havia um atesto de recebimento de medicamento, subscrito por um servidor e que não havia sido anteriormente localizado na documentação solicitada à Prefeitura de Cuiabá. De acordo com as investigações, esse atesto é falso e, por isso, o servidor que realizou esse ato passou a ser investigado.
EMPRESÁRIO
A outra pessoa alvo de mandado de prisão, Maurício Miranda de Melo, é suspeito de ser contumaz na prática de fraudes que implicam em desvio de recursos públicos na área da saúde, pois já é acusada de participação em uma organização criminosa que se instalou na saúde pública do Estado de Santa Catarina, também no período da pandemia de covid-19. O caso ficou conhecido como “esquema dos respiradores fantasmas”.
Um dos investigados, o ex-secretário, Célio Alves, já está preso desde o dia 9 de fevereiro de 2023, data em que foi deflagrada a 1ª fase da operação. Relatórios de auditoria da Controladoria-Geral do Estado apontaram indícios de desvios de recursos públicos na ECSP e, a partir disso, foram constatadas diversas irregularidades em alguns pagamentos, na ordem de R$ 3.242.751,00. Segundo a investigação, esse dinheiro pode ter sido desviado dos cofres da saúde pública do município de Cuiabá e teria sido direcionado de forma indevida, em plena pandemia de covid-19.
Conforme apurado, em tese foram autorizados pagamentos sem as devidas formalidades para uma empresa que, segundo levantamentos realizados, seria composta por pessoas que não teriam condições de administrá-la, bem como não possuiria sede física no local informado em seu registro formal. Essas evidências podem demonstrar tratar-se de uma empresa fantasma, cujos sócios-administradores seriam “laranjas”.
Ainda, a empresa não possuía responsável técnico (farmacêutico) habilitado junto ao Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso, bem como não possuía as autorizações necessárias junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e à Coordenadoria de Vigilância Sanitária (COVISA) do Município de Cuiabá. Essas características sinalizam que ela não poderia comercializar medicamentos.
Além disso, os indícios sugerem que os pagamentos realizados a essa empresa se referem à aquisição de medicamentos que não possuem, a princípio, comprovação de ingresso na farmácia da Empresa Cuiabana de Saúde Pública. Isso levanta suspeitas de que esses medicamentos, de fato, nunca teriam chegado a dar entrada no estoque da ECSP.
Um relatório de auditoria da Controladoria-Geral do Estado indica que, ainda que os medicamentos tenham sido adquiridos pela ECSP, os valores da compra eram muito superiores ao valor de mercado praticado na época, indicando um superfaturamento nas aquisições.
Segundo apurado no inquérito policial, para que o esquema funcionasse foi necessária a organização das funções dos suspeitos em alguns núcleos. Nesse sentido, dentro da Empresa Cuiabana de Saúde Pública caberia aos diretores a autorização dos pagamentos fraudulentos, pois eram eles que possuíam poder de decisão.
Outra servidora do setor administrativo-financeiro da ECSP seria responsável por dar cobertura à instrução deficiente dos processos administrativos, bem como teria sido responsável pelo desaparecimento da íntegra de um deles. Já na Central de Abastecimento Farmacêutico da ECSP, outros servidores teriam as tarefas de atestar falsamente o recebimento dos medicamentos, bem como de inserir as informações, em tese, falsas, no sistema informatizado de gerenciamento de entrada das compras.
No âmbito da empresa apontada como “fantasma”, três pessoas teriam colaborado com o real proprietário e administrador, aparecendo como sócias no quadro societário, apesar de não exercerem qualquer função nela. Diante disso, conforme os indícios coletados, apenas emprestaram o nome para o dono da empresa, figurando como “sócios-laranjas” e, dessa forma, possibilitando a atuação fraudulenta do verdadeiro sócio-administrador.
NOTA DA PREFEITURA DE CUIABÁ
Nota à Imprensa
A Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP), quanto a ação da Polícia Judiciária Civil na data desta quarta-feira (8), esclarece:
O ex-servidor Eduardo Vasconcelos foi exonerado e não mantém vínculos com a gestão. O ato de exoneração é de 9 de fevereiro de 2023;
Quanto as demais medidas judiciais, reitera que irá atender as determinações.
Reforçando que não há nenhuma ordem sendo cumprida na sede da ECSP.
João bicudo | 08/03/2023 13:01:12
Que a turma do "salve" pra dar jeito nisso? A justiça não agride ninguém, é passiva e conivente. Só taca que vai resolver estes roubos sem fim. Pra cima destes pragas
Otavio | 08/03/2023 10:10:57
Moisés ficar de boca fechada às vezes é bem melhor. Agora não adianta mais tentar proteger quem deveria zelar pela população, agora o bicho vai pegar, isso é só o começo.
Maria | 08/03/2023 10:10:37
Se um desses presos abrir o bico, a fila vai ficar grande e haverá lotação na cadeia
Afonsão | 08/03/2023 09:09:04
Leitor Moisés, vc, assiste a globolixo? Não desvie o foco, aqui o assunto é saúde E ferro nessa gang q está na saúde da prefeitura.
Moises | 08/03/2023 08:08:45
Queremos essa celeridade no escândalo do VLT. A Globo está em cima de vocês !
licença premio | 08/03/2023 08:08:34
uns verdadeiros bandidos da saúde de Cuiabá
STJ lembra morte de advogado e alerta que Judiciário de MT vive "corrosão"
Quinta-Feira, 07.08.2025 23h15
Prefeito corre risco de cassação por usar circo para ser reeleito em MT
Quinta-Feira, 07.08.2025 22h10
TCE investiga prefeito por ignorar Controladoria em pregão de R$ 11,4 mihões
Quinta-Feira, 07.08.2025 21h05
“Me pediram dinheiro para não ser cassada”, revela ex-vereadora petista em Cuiabá
Quinta-Feira, 07.08.2025 20h15
Deputado quer PMs em hospitais de MT
Quinta-Feira, 07.08.2025 19h51