Política

Sábado, 07 de Dezembro de 2019, 17h40

FUNDO PREVIDENCIÁRIO

MPE investiga contrato de prefeitura em MT com grupo alvo da PF

Prefeitura de Cláudia teria contratado empresa de fachada ligada a uma organização alvo de uma operação da Polícia Federal

DIEGO FREDERICI

Da Redação

 

O Ministério Público do Estado (MP-MT) instaurou um inquérito para investigar a contratação, pela prefeitura de Cláudia (474 KM de Cuiabá), de uma empresa supostamente de fachada. A organização seria ligada a um grupo suspeito de fraudar fundos previdenciários de diversos municípios brasileiros, e que já foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF).

A portaria que instaurou o inquérito foi assinada pelo promotor de justiça Paulo José do Amaral no dia 22 de novembro de 2019. De acordo com informações do documento, o município de Cláudia contratou de forma direta (sem licitação) a empresa I. F. Garcia e Cia, supostamente de fachada, e que pertenceria à Plena Consultoria e Investimentos. A organização tem sede no Itaim Bibi, um dos bairros de elite da cidade de São Paulo (SP).

O promotor de justiça revelou que “inúmeros institutos de previdência”, de cidades espalhadas em todo o Brasil, já realizaram parcerias com a Plena Consultoria e Investimentos. A organização é suspeita de aplicar os recursos que deveriam ser destinados a aposentadoria dos trabalhadores em “fundos temerários” – de alto risco, ou mesmo em solvência, ameaçando o benefício dos servidores.  

“Inúmeros institutos de previdência de municípios brasileiros estariam a contratar empresas de fachada, pertencentes ao Grupo Plena, que cooptariam gestores a aportar recursos em fundos de investimento temerários [...] o Instituto de Previdência de Cláudia - Previ-Cláudia contratou a empresa I. F. Garcia e Cia LTDA, a qual pertenceria ao grupo supracitado”, revelou o promotor de justiça.

Paulo José do Amaral afirmou, ainda, que o contrato entre a prefeitura de Cláudia e a I. F. Garcia e Cia não envolve a “captação de fundos” e sim a “avaliação e assessorias atuariais” – ou a análise de riscos na administração de seguros e fundos de pensão. O membro do MP-MT, porém, também adverte para a necessidade da realização de “mais diligências”.

O inquérito é uma etapa anterior a proposição de uma ação na Justiça. Só aí os envolvidos no caso poderão ser condenados – ou absolvidos.

OPERAÇÃO FUNDO PERDIDO

A Plena Consultoria e Investimentos foi alvo da operação “Fundo Perdido”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em março de 2014, no Estado de São Paulo.

De acordo com as investigações, a organização pagava propina a gestores públicos, que mantinham contratos de gerenciamento de fundos previdenciários municipais, para que estes investissem os recursos em fundos de alto risco ou mesmo em solvência – o que colocava em risco a própria aposentadoria dos trabalhadores.

Na época, a Plena Consultoria e Investimentos prestava serviços a 107 fundos previdenciários nos Estados de Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Pará, Rondônia, Goiás, Maranhão e Mato Grosso do Sul – além de São Paulo.

A organização, à época, chegou a afirmar que seria responsável pela gestão de mais de R$ 7 bilhões desses fundos.

 

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