O deputado estadual José Riva (PSD) começou a revelar as denúncias de extorsão sofridas pelo seu genro, o vereador cassado João Emanuel Moreira Lima (PSD). Segundo ele, o próprio Joao Emanuel deverá fazer as denúncias nos órgãos competentes nos próximos dias.

“O João vai fazer essas denúncias com calma. E vai fazer de cabeça erguida porque ele não usou dinheiro público, e ele tem como explicar a origem do dinheiro. Imagina um cidadão ameaçado ter que ir a uma factoring para tentar não ser cassado. E o João fez isso”, explicou o deputado em entrevista ao programa FolhaMix (Rádio Mix FM). Um dos parlamentares que teriam tentado obter vantagens com João Emanuel foi o ‘colega’ de partido, vereador Toninho de Souza (PSD).

O parlamentar, inclusive, preside a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, que investigou e emitiu parecer pela cassação do ex-presidente da Câmara. “O papel que o Toninho de Souza fez com o João não foi papel de gente correta e ele fez isso também”, colocou.

Questionado se Toninho foi um dos parlamentares que tentaram extorquir o ex-presidente da Câmara, Riva foi direto. “Lógico”, confirmou.

Riva, porém, não detalhou qual teria sido a extorsão que João Emanuel sofreu de Toninho. No entanto, nos bastidores especula-se que o apresentador de televisão teria recebido dinheiro para votar nele a presidente da Câmara e em acompanhá-lo em algumas matérias no legislativo. Todos repasses financeiro de João Emanuel a Toninho de Souza, que é apresentador de televisão, teriam sido gravados através de uma \"caneta espiã\".

Por conta de seu posicionamento favorável a cassação de João Emanuel, Toninho de Souza responderá a processo por infidelidade partidária no PSD. Antes da votação da cassação, o partido emitiu uma resolução obrigando o parlamentar a votar contra o parecer da Comissão de Ética.

Segundo o social-democrata, as denúncias não foram protocoladas antes porque havia o processo de cassação em andamento na Câmara de Cuiabá. “O João foi um cara extremamente ético. Por mim já teria feito antes, mas  numa conversa, ele me disse que poderia estar tentando ‘salvar a pele’ em meio ao processo de cassação”, relatou o parlamentar.

Riva falou que toda a família do vereador sabia que a cassação dele atende interesses. Ele ainda elogiou o ex-parlamentar por não renunciar ao mandato. “Quando ele decidiu que não ia renunciar eu achei louvável, porque se ele renuncia era sinal de covardia”, elogiou.

JÚLIO PINHEIRO

Porém, o deputado estadual assinalou que a Câmara de Cuiabá ainda comete erros gravíssimos que necessitam ser investigados. Ele citou o caso da suplementação de R$ 365 milhões aprovada em 2012, encaminhado para sanção do então prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB), sem aprovação do plenário. “Imagina você se é na Assembleia Legislativa, se fosse 1 milhao era alvo de processo de cassação”, disparou.

O parlamentar criticou a omissão dos vereadores em investigar as denúncias contra o atual presidente do legislativo, arquivando a representação do PEN (Partido Ecológico Nacional) protocolada na Câmara. “Dois pesos e duas medidas, isso é um absurdo”, disparou.

Riva disse que este caso também deve ser denunciado por João Emanuel nas esferas competentes, como o Ministério Público. “Para não deixar parecer que a denúncia iria para cobrir outra, ou se passava por ameaça não fez isso antes”, colocou.

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