O cardeal Robert Francis Prevost foi escolhido como o novo papa eleito no conclave de 2025. Sob o nome de Leão XIV, o pontífice de origem norte-americana construiu parte de sua vida missionária no Peru. O líder da igreja católica tem perfil considerado discreto e alinhado à visão pastoral e social do papa Francisco, o que representa uma continuidade nos rumos da igreja, com um rosto latino-americano.
O arcebispo de Cuiabá, Dom Mário Antonio da Silva, comemorou a escolha e ressaltou que as orações durante os dias de conclave para eleição do novo papa foram muito importantes. Para ele, este é considerado um dia marcante e que faz olhar para frente, tendo como referência o papa Francisco e agora o papa Leão XIV.
"Me emociono e me alegro em poder dizer essas palavras agradecendo a Deus pelo dom da eleição do cardeal Robert. Ele tem uma experiência na América Latina, sobretudo no Peru e conhece muito bem a nossa região. Como prefeito do dicastério para os bispos dos últimos anos, conhece também o episcopado no mundo todo e toda a nossa igreja. Estou confiante, confiante mesmo", declarou.
Dom Mário ainda acrescentou que a eleição de Prevost representará continuidade daquilo que era vivenciado no processo sinodal iniciado pelo papa Francisco, de forma esperançosa e na paz do cristo ressuscitado.
"Alegremos-nos com nossa oração e gratidão, mas também confirmemos nosso espírito católico na obediência e na adesão as palavras, ensinamentos e gestos do nosso novo papa Leão XIV. Deus abençoe toda nossa igreja e que a bênção dada hoje pelo novo papa possa perdurar no coração de todas as pessoas, primeiramente a nós católicos, mas também de todas as pessoas de boa vontade e do nosso planeta, para que nos abracemos e lutemos pela paz, pela justiça e por um mundo melhor para todos", acrescentou.
Perfil do novo papa
Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Prevost ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977, fazendo seus votos solenes quatro anos depois. Sua sólida formação acadêmica inclui um bacharelado em Ciências Matemáticas, mestrado em Teologia e doutorado em Direito Canônico. Sua tese de doutorado foi sobre a autoridade do prior local na vida agostiniana — uma escolha que já refletia seu olhar atento à vida comunitária e ao serviço.
Ordenado sacerdote em 1982, Prevost atuou como missionário no Peru a partir de 1985, onde passou mais de uma década liderando o seminário agostiniano de Trujillo e lecionando Direito Canônico. Entre suas múltiplas funções, destacou-se como pároco, diretor de formação e vigário judicial, exercendo influência pastoral e acadêmica no país.
Sua eleição como prior geral da Ordem dos Agostinianos em 2001, cargo no qual serviu até 2013, demonstrou sua liderança internacional. No ano seguinte, foi chamado por Francisco para ser administrador apostólico de Chiclayo, onde foi posteriormente nomeado bispo.
Entre 2018 e 2023, também serviu como vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana, num momento em que os bispos desempenharam papel crucial nas turbulências políticas do país.
Em janeiro de 2023, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos, tornando-se um dos principais nomes da Cúria Romana responsável pela escolha dos novos bispos do mundo. Sua atuação foi descrita como prudente, escutativa e bem fundamentada, qualidades que lhe renderam respeito e admiração. No consistório de 30 de setembro do mesmo ano, foi criado cardeal por Francisco.
Apesar de seu perfil reservado, Prevost possui posições claras e em sintonia com os valores evangélicos promovidos pelo Papa anterior: atenção aos pobres e migrantes, responsabilidade ambiental, abertura pastoral aos católicos em situações familiares irregulares e rejeição ao clericalismo. Em entrevista, chegou a dizer: "O bispo não deveria ser um pequeno príncipe sentado em seu reino".
Sua longa experiência missionária, sua identidade espiritual agostiniana e sua proximidade com a realidade latino-americana fizeram dele uma escolha de consenso no Conclave. Visto como um "candidato de compromisso" entre os cardeais, seu nome emergiu como uma alternativa que equilibra continuidade e renovação.
Ao escolher o nome Leão XIV, o Papa Prevost sinaliza uma vontade de diálogo com o mundo moderno e uma atenção especial às questões sociais. Leão XIII, que reinou de 1878 a 1903, foi o autor da encíclica Rerum Novarum, que lançou as bases da Doutrina Social da Igreja. A escolha do nome parece indicar que o novo pontífice deseja continuar e aprofundar o compromisso da Igreja com os pobres, os trabalhadores, os migrantes e o meio ambiente, como fez Francisco antes dele.
Agora, como sucessor de Pedro, enfrentará os desafios de uma Igreja global. Se o passado missionário, a formação sólida e a fidelidade à escuta forem indicativos, o novo Papa poderá surpreender pela firmeza tranquila e pela sabedoria que constrói pontes.
Lamentável
Quinta-Feira, 08 de Maio de 2025, 17h49