Cidades Quarta-Feira, 23 de Junho de 2021, 00h:44 | Atualizado:

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FÉ RENEGADA

Bando tenta golpe de R$ 4 milhões em banco usando nome de igreja em Cuiabá

Policiais flagraram esquema e exigiram R$ 350 mil de criminosos

WELINGTON SABINO
Da Redação

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Dentre os vários crimes praticados por membros da organização criminosa composta por policiais e ex-policiais civis e militares que extorquia outros criminosos, consta um episódio no qual um grupo de criminosos de outros estados planejava aplicar um golpe de R$ 4 milhões numa agência do Banco do Brasil de Cuiabá utilizando o nome de uma igreja. Os integrantes da quadrilha que agia em Cuiabá e Várzea Grande então decidiram prender os bandidos que vieram de fora e exigiram deles uma quantia de R$ 350 mil, mas ao final, tiveram que se contentar com apenas R$ 20 mil, valor que conseguiram arrancar das “vítimas”, que também eram bandidos.

Esses detalhes fazem parte da delação premiada do policial civil aposentado, Hairton Borges Júnior, o Borjão, um dos participantes da organização criminosa que foi desmantelada na Operação Renegados, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) no dia 5 de maio deste ano para cumprir 22 mandados de prisão e outros 22 de busca e apreensão expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá. No dia 31 de maio, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Silva Mendes, aceitou uma denúncia do MPE e transformou todos em réus.

Nesse golpe, o delator cita a participação dos seguintes comparsas: Júlio César de Proença, Ananias Santana da Silva, Alan Cantuário Rodrigues, Edilson Antônio da Silva, Natália Regina Assis da Silva e Domingos Sávio Alberto de Sant’Ana. Ele também utilizaram viaturas da Polícia Civil para que os golpistas não suspeitassem que também estavam sendo vítimas de um golpe.

No termo de declaração prestado ao Gaeco no dia 12 de novembro de 2020,  o delator Hairton Borges estava acompanhado de dois advogados e explicou que a extorsão contra os golpistas que vieram de outros estados foi colocado em prática em junho do ano passado. Segundo Borjão, Ananias, que integrava a organização criminosa como informante, foi procurado por outro informante da quadrilha: Jovanildo Augusto da Silva, o Jova, que trazia a informação “de que um grupo de golpistas pretendia aplicar um golpe no banco do Brasil vinculado a uma igreja; que estes golpistas estavam munidos de documentos falsos e procurações para o sucesso do crime; que as informações trazidas diziam respeito a um golpe de R$ 4 milhões”.

Borjão então ligou para Edilson e expôs os fatos marcando um encontro no estacionamento do supermercado Extra da Avenida Fernando Corrêa da Costa. Conforme o delator, Jova disse que grupo estava a procura de uma pessoa que tivesse contatos dentro da agência bancária, mais especificamente com o gerente do banco.

Dessa forma, segundo o delator, Ananias e Jova chamaram Domingos Sávio Alberto para figurar como suposto facilitador de contatos dentro do Banco do Brasil da avenida Fernando Corrêa. Outros dois integrantes da quadrilha: Alan Cantuário e Júlio Proença também foram acionados para auxiliar, pois eles iriam prender os bandidos e propor um pagamento de propina de R$ 350 mil para liberá-los.

“Que o grupo pretendia aplicar um suposto flagrante no grupo de golpista e extorqui-los”. O próximo passo foi descobrir o local em que estavam hospedados.

Dessa forma, marcaram uma reunião do Supermercado Extra da Fernando Corrêa, onde compareceram duas mulheres loiras e dois homens que integravam o grupo, cujo alvo era o Banco do Brasil. Eles monitoraram os golpistas e descobriram que estavam no Hotel Serra nas proximidades do mercado.

Na reunião no supermercado ficou acertado que um dos integrantes do grupo dos golpistas (um senhor de Campo Grande/MS) iria se encontrar com Domingos (falso facilitador no Banco do Braisl) às 11 horas na agência do Banco do Brasil para darem início ao golpe. Segundo o delator, diante dessas informações, ele, Edilson, Alan Júlio e Natália Assis (esposa de Edilson) resolveram abordar o grupo de golpistas.

Natália foi chamada para a ação tendo em vista que no grupo de golpistas tinham duas mulheres e a função dela seria fazer revista feminina. Eles abordaram um dos golpistas no canteiro da Fernando Corrêa quando ele se deslocava para o Banco do Brasil para se encontrar com Domigos Sávio.

Eles se dirigiram para o Hotel Serra e no local simularam a prisão em flagrante do grupo. O delator e seus companheiros conseguiram apreender com os golpistas diversos documentos falsos que seriam utilizados no golpe, a exemplo de procurações, cédulas de identidade e outros documentos. 

“Que o declarante e seus companheiros fizeram uma proposta de R$ 350 mil de propina para não efetuarem a prisão do grupo de golpistas; que o grupo pediu o prazo de uma semana para fazer o pagamento e indagado sobre a garantia eles afirmaram que esse acerto poderia ser feito no escritório de advogacia”. Por fim, segundo o delator, o advogado alegou desconhecer o grupo de golpistas e não ter conhecimento do plano para aplicar golpe contra o Banco do Brasil. “Que no escritório de advocacia toda a situação foi esclarecida ao advogado, o qual afirmou desconhecer a atividade ilícita do grupo, mencionando apenas que conhecia um deles, o senhor Nelson”. 

Conforme o delator, enquanto ele, Edilson e Alan estavam no escritório do advogado com dois golpistas, seus companheiros Ananias, Júlio e Nati (Natália) ficaram nas viaturas do lado de fora cuidando dos demais integrantes do grupo golpista, inclusive as duas mulheres sob a vigilância de Nati Assis. Segundo ele, dentro do escritório dois integrantes do grupo de golpistas se comprometeram a pagar R$ 350 mil a eles, “porém nenhum documento foi redigido nesse sentido, apenas ficou acertado na presença do advogado que este pagamento seria honrada dentro de uma semana”.

Por fim, o delator esclarece “que nunca houve nenhum pagamento”. Depois, quando deixaram o escritório ficaram sabendo que um dos golpistas de nome Jacarandá teria

feito um depósito de R$ 20 mil na conta de da Dona Pretinha (avó da esposa de Ananias). 

Segundo o delator, esse valor foi divido entre ele, Ananias, Nati e Edilson, sendo que cada um deles ficou com R$ 5 mil. Ele revelou ainda que que nestas ações praticadas pelo grupo “fizeram o uso da viatura Palio Adveture e uma Spin, ambas caracterizadas e cauteladas a 32 DP do Coxipó; que muitas vezes Edilson enrolava o rastreador em papel alumínio, por diversas vezes, para evitar o registro de rastreamento das viaturas”.

 

Renegados - golpe BB e igreja

 

Renegados 2 - golpe BB e igreja

 


 


 





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