A prisão do engenheiro civil Renan Araújo Gomes, morador de Rondonópolis (212 km de Cuiabá), efetuada pela Polícia Federal nas investigações de um esquema de aliciamento de mulheres para prostituição no Brasil e também em outros países foi destaque no Fantástico da Rede Globo exibido na noite deste domingo (2). A reportagem exibiu detalhes da “Operação Harem BR”, deflagrada no dia 27 de abril, com relatos de vítimas e trechos de conversas entre os aliciadores, incluindo a modelo Nubia Óliver e a cantora de Funk MC Mirella, 22 anos, que no ano passado participou do reality show, A Fazenda, da Record TV.
Na operação, o morador de Rondonópolis foi preso numa casa de luxo, local onde agentes da PF também cumpriram mandado de busca e apreensão e encontraram veículos de alto valor na garagem e levaram computador, tablet, celular, caderno de anotações e outros objetos, que vão auxiliar no avanço da investigação.
Renan é suspeito de ser um dos aliciadores de mulheres para participarem do esquema no qual elas eram tratadas como se fossem “objetos” e oferecidas para empresários do Brasil e outros países, inclusive no continente europeu, dispostos a pagar altas quantias em dinheiro para manter relações sexuais com elas.
O foco da reportagem foi Rodrigo Cotait, de 44 anos, principal alvo do esquema criminoso. Ele é apontado como um dos maiores aliciadores de mulheres no Brasil para exploração sexual e foi preso em seu apartamento em São Paulo. Conforme a reportagem, era ele quem escolhia as mulheres e as preparava para viagens dentro do Brasil e também para outros países.
Ao todo, a 1ª Vara da Justiça Federal em Sorocaba expediu 9 mandados de busca e apreensão e 8 de prisão preventiva. Todos os alvos vão responder por tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, favorecimento da prostituição e falsidade ideológica.
Segundo a PF, as vítimas eram aliciadas pelos suspeitos por meio das redes sociais e até por sites de prostituição.
FUNKEIRA FAMOSA
Segundo as investigações, ainda em 2019, a cantora MC Mirella teria tentado convencer outra jovem de 16 anos a participar do esquema. A reportagem exibiu prints da conversa da funkeira onde ela diz: “Você topa sair com ele um final de semana, ela paga R$ 2 mil”.
A garota nega e a cantora insiste. “Nem por R$ 5 mil? É complicado pra mim”. A advogada dela negou que ela tenha atuado como aliciadora e afirmou que a MC é testemunha e vítima no esquema. Ela admitiu que houve uma investigação sobre a possível participação da cantora na condição de aliciadora, mas foi arquivada.
Conforme a reportagem, MC Mirella foi vítima do esquema e do empresário Wissam Nassar, um dos clientes da rede de criminosos que aliciava mulheres de várias partes do Brasil, inclusive menores de idade. Títulos de beleza e grande quantidade de seguidores em redes sociais aumentava o cachê das garotas. Por isso algumas ex-misses também eram procuradas pelos aliciadores. Nesse caso, eles nem exigiam que o título obtido por elas em concursos de beleza fossem recentes.
A modelo e atriz Nubia Óliver também é investigada no esquema e foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento. Conforme os investigadores que atuam no caso, ela era um das pessoas que ajudavam Rodrigo a selecionar mulheres. Áudios de diálogos entre ela o Rodrigo foram exibidos na reportagem. “Só não usa meu nome, porque como a gente é mais conhecida, não gera fofoca, enfim”.
A defesa dela não quis se manifestar sobre a investigação.
Assista aqui a íntegra da reportagem