Funcionários dos Correios param após morte cerebral de colega em MT

Cerca de 300 funcionários do Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas dos Correios, no Bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, pararam as atividades nesta terça-feira (28) depois da morte cerebral do colega de trabalho, Celso Luiz Gomes, de 47 anos.

A assessoria da Superintendência dos Correios informou, em nota, que, além das ações para prevenir a infestação de pombos, o prédio onde Celso trabalha deve passar, em caráter prioritário, por uma limpeza geral das torres e dos condicionadores de ar do prédio. Também informou que os funcionários devem passar por exames preventivos.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso (Sintect), ele contraiu uma infecção por histoplasmose, mais conhecida como doença do pombo.

O secretário-geral do Sintect, José de Paula, disse que os funcionários decidiram na manhã desta terça-feira pela paralisação, até que providências sejam tomadas pela administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos quanto à estrutura do setor.

"O local é sujo, tem ratos, escorpiões e está infestado de pombos. Esse trabalhador foi infectado com fezes de pombos", afirmou. De acordo com ele, vários ofícios informado sobre a infestação de pombos e cobrando medidas já foram encaminhados à direção da empresa, mas que nada foi feito.

Com a morte do colega, os outros funcionários estão assustados, conforme José de Paula. "Estamos parados esperando uma decisão da direção", pontuou.

Luiz Celso está internado há 20 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um um hospital particular de Cuiabá e, segundo o sindicato, os médicos já informaram à família sobre a morte cerebral. "Os médicos já comunicaram, mas a família optou por manter os aparelhos ligados", disse.

O trabalhador de 47 anos trabalhava nos Correios há 23 anos. Atualmente, atuava como coordenador do setor. É casado e tem uma filha.

Os pombos podem transmitir doenças que podem levar à cegueira, infecções no cérebro, dos pulmões e dos intestinos. Entre elas, estão: criptococose, histoplasmose, salmonelose, ornitose, toxoplasmose, dermatites, alergias, psitacose e tuberculose avícola.

A forma mais comum de infecção é por vias respiratórias, com a inalação das fezes secas. A orientação é evitar o contato com os animais.

Sobre a paralisação, a assessoria dos Correios encaminhou nota publicada na íntegra: 

"Sobre a internação do empregado dos Correios em Mato Grosso, Celso Luis Gomes, informamos que, desde que tomou conhecimento sobre o quadro de saúde do empregado, a empresa tem prestado suporte à família, aos demais empregados e colegas de trabalho. 

Em respeito à Legislação Ambiental, os Correios atuam por meio de ações para evitar a infestação de pombos em todas as suas unidades. Essas ações incluem desde proteção com telas em locais de maior vulnerabilidade, instalação de cortinas de borrachas em portas de entrada, repelentes para evitar o pouso dos animais, além da instalação de equipamento sonoro ultrassônico com objetivo de espantar as aves.

As medidas vêm sendo tomadas pela empresa em alinhamento às demandas apontadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA e têm dado resultado, tanto que nas atas recentes não há registro de reincidência sobre o assunto.

Com relação à unidade onde o empregado Celso Luis Gomes trabalha, além das ações citadas, outras medidas serão desenvolvidas em caráter prioritário, desde a limpeza geral das torres e dos condicionadores de ar do prédio, dedetização geral da unidade e a realização de exames preventivos nos empregados."