A denúncia oferecida nesta segunda-feira (15), pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), contra 14 suspeitos investigados na Operação Ragnatela, deflagrada no último dia 5 de junho, revelou que o grupo tinha uma forte ligação com lideranças políticas de Cuiabá. Foi revelado, inclusive, que os integrantes da organização criminosa ameaçavam estabelecimentos que se negavam a realizar os eventos promovidos por eles, com fiscalizações realizadas por ordem dos vereadores da capital, Marcus Brito (PV) e Paulo Henrique (MDB).
A denúncia aponta que Rodrigo Leal era o elo entre a facção e os agentes públicos (vereadores e agentes de fiscalização) que auxiliam na realização dos shows. Ele trabalhava como assessor parlamentar do vereador Paulo Henrique que, supostamente, exercia influência sobre agentes públicos da Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá. Em uma planilha encontrada pelos investigadores, constava inclusive uma anotação escrita como “Café para PM” e “Café Fiscalização” como custo de evento para a organização criminosa.
"Apurou-se nos autos que os denunciados utilizavam de artifícios para a realização de shows em diversas noturnas e, em caso de negativa, ameaçavam tais estabelecimentos com fiscalizações por parte dos servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Cuiabá, sendo que tais procedimentos seriam determinadas pelo secretário-adjunto Benedeito Alfredo Granja Fontes, em conjunto com os vereadores Paulo Henrique e Marcos Brito, sendo que a conexão entre estes e a facção criminosa se daria através de seus assessores, Rodrigo Leal e Jardel Pires, que repassariam valores obtidos de forma espúria aos referidos parlamentares", aponta o Gaeco. Os dois parlamentares não foram denunciados neste momento e são investigados em outros inquéritos.
A Operação Ragnatela tinha como objetivo desarticular o núcleo da maior facção criminosa do estado de Mato Grosso, responsável por lavagem de dinheiro em casas noturnas cuiabanas, entre elas o Dallas Bar e o Strike Pub. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, custeados pelo Comando Vermelho, em conjunto com um grupo de promoters.
Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e afastamento de cargos públicos, para desarticular um núcleo da facção responsável pela lavagem de dinheiro em casas noturnas. Ao deflagrar a operação, a Polícia Federal apontou que os investigados teriam movimentado pelo menos R$ 77 milhões.
As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas de unidades da federação com influência de outras organizações criminosas, sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa. Durante as apurações, identificou-se também esquema para a introdução de celulares dentro de presídios, bem como a transferência de lideranças da facção para estabelecimentos de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado que se encontrava em liberdade.
Foram denunciados Ana Cristina Brauna Freitas, Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares, Clawilson Almeida Lacava, Elzyo Jardel Xavier Pires, Joanilson de Lima Oliveira, Joadir Alves Gonçalves, João Lennon Arruda de Souza, Kamilla Beretta Bertoni, Lauriano Silva Gomes da Cruz, Matheus Araújo Barbosa, Rafael Piaia Pael, Rodrigo de Souza Leal, Willian Aparecido da Costa Pereira e Wilson Carlos da Costa.
Os investigadores destacaram também que Paulo Henrique se utiliza de sua influência, como parlamentar, para auxiliar o grupo a obter as licenças necessárias para a realização dos shows, recebendo para isso, vantagens financeiras de maneira direta e indireta. Ainda, constata-se que o vereador é concursado pela Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá, no cargo de Agente de Regulação e Fiscalização, e também exerce atualmente a presidência do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município de Cuiabá.
O Gaeco destacou, nos autos, que os denunciados utilizavam de artifícios para a realização de shows em outras casas noturnas e, em caso de negativa, ameaçavam tais estabelecimentos com fiscalizações por parte dos servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Cuiabá. Estes procedimentos seriam determinados pelo ex-secretário-adjunto Benedito Alfredo Granja Fontes, em conjunto com os vereadores Paulo Henrique e Marcos Brito, sendo que a conexão entre estes e a facção criminosa se daria através de seus assessores, Rodrigo Leal e Jardel Pires, que repassariam valores obtidos de forma espúria aos parlamentares.
HEINEKEN E GOLD
Foi identificada ainda uma ligação telefônica, em que uma pessoa não identificada pediu para que Rodrigo Leal providenciasse uma caixa de cerveja Heineken para o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), e uma caixa da cerveja Império Gold para o deputado federal Emanuelzinho (MDB). As solicitações teriam sido feitas, segundo o interlocutor, por Benedito Alfredo Granja Fontes.
“Ademais, no dia 01/06/2022, verifica-se que Rodrigo Leal recebeu ligação de HNI (Homem Não Identificado) solicitando uma caixa de Heineken para o Prefeito e uma caixa de Império Gold para Emanuelzinho. Observa-se que, tal pedido fora feito por Alfredo: ‘Alfredo pediu pra você trazer uma caixa de Heineken pro Prefeito e uma caixa de Império Gold pra Emanuelzinho que chegando aqui ele te dá o dinheiro’.
Rodrigo concorda e pergunta: ‘Esses viado tão aí ou eles chegaram agora?’. HNI diz que estão desde as 7 horas (19 horas) no local e que se Rodrigo apurar consegue encontrar o pessoal”, diz a denúncia.
Os investigadores também ressaltaram a tentativa de integrantes da organização criminosa de viabilizar a realização de um evento diretamente com o prefeito. O Ministério Público de Mato Grosso havia pedido o veto do “Baile da Carreta Treme-Treme”, na Acrimat, em junho de 2022.
Rodrigo Leal então enviou um print de uma conversa dele com Emanuel Pinheiro, onde relata o episódio, ocasião em que o gestor responde que “já está resolvido” e que era para ele ‘ficar tranquilo, porque são trabalhadores’. Por fim, os investigadores revelaram que Rodrigo Leal teria custeado uma festa de santo realizada pelo ex-secretário adjunto de Fiscalização da Ordem Pública, Benedito Alfredo Granja Fontes.
Ele, que morreu em decorrência de um câncer, aos 55 anos, em março deste ano, teria recebido R$ 2.291 dos integrantes da organização criminosa, para fazer seu evento.
Wilson by
Quinta-Feira, 18 de Julho de 2024, 10h16Léo campo
Quarta-Feira, 17 de Julho de 2024, 22h00Dudé
Quarta-Feira, 17 de Julho de 2024, 09h59muito louco
Quarta-Feira, 17 de Julho de 2024, 08h52Monica
Quarta-Feira, 17 de Julho de 2024, 07h59Marinbondo
Quarta-Feira, 17 de Julho de 2024, 07h38JUIZO FINAL
Quarta-Feira, 17 de Julho de 2024, 06h44