O juiz da 3ª Vara Criminal de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, Wladimir Perri, reconheceu a prescrição da pena da investigadora da Polícia Judiciária Civil (PJC), Glaucia Cristina Moura Alt. Ela foi condenada em 2024 a 5 anos e 8 meses de prisão por associação ao tráfico e recebimento de propina por “proteger” um traficante de drogas.
A decisão do juiz foi proferida na última segunda-feira (5). Nos autos, a defesa da investigadora, feita pelo advogado Ricardo Spinelli, relatou que se passaram mais de 10 anos entre o recebimento da denúncia, ocorrida em 2014, e sua condenação, proferida no ano passado. “Entre o recebimento da denúncia [em 10.04.2014] e a publicação da sentença [em 13.09.2024] transcorreu mais de 10 anos, não havendo recurso por parte da acusação, operando-se, desta forma, a prescrição na modalidade retroativa”, diz a defesa da investigadora.
O juiz Wladimir Perri concordou com os argumentos, extinguindo a punibilidade em razão da prescrição - a inércia do Poder Público que faz com que o processo perca seu “prazo de validade” ante ao princípio do Direito de que “ninguém deve ser julgado para sempre”. Glaucia Cristina Moura Alt é esposa do delegado da PJC já falecido, João Bosco Ribeiro Barros, ambos alvos da operação “Abadom”, que investigou crimes que incluem até o sequestro de um traficante.
Segundo as investigações, os membros da PJC foram acusados de sequestrar o traficante Volcimar Pires de Barros, o “Velho,” e cobrar R$ 180 mil do chefe da quadrilha pelo resgate do membro do bando. Ainda de acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado (MPMT), um traficante identificado como Marco Antônio da Silva, conhecido como “Neném”, teria pago R$ 50 mil pela “proteção” de Glaucia - que negociava diretamente com o criminoso por telefone.
Numa das conversas interceptadas pelas investigações, Glaucia avisa a “Neném” para ele “tomar cuidado” com um policial militar que devia dinheiro ao traficante. Em razão do não pagamento da dívida, “Neném” teria “tomado” uma Fiat Strada do PM, que ficou “só o ódio” com o cobrador e passou a persegui-lo.
Paulo
Terça-Feira, 06 de Maio de 2025, 13h33