Oficial acusado por duas mortes reverte demissão e quer receber "bolada" por salários

 

O juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública de Cuiabá, Jorge Alexandre Martins Ferreira, pediu esclarecimentos à Polícia Militar de Mato Grosso sobre as condições de promoção dos policiais. O 1º tenente PM, Marcos Divino Teixeira da Silva, expulso da Corporação em 2016 depois de responder por um duplo assassinato, conseguiu reverter a decisão na justiça, e agora exige os salários que deixou de receber, incluindo as promoções.

Em decisão publicada nesta terça-feira (17), o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira negou o pedido realizado pelo 1º tenente PM Marcos Divino Teixeira da Silva, que defende o direito de ser promovido ao posto de coronel da Polícia Militar. “Claro é que a parte reclamada, ora impugnante, tem razão, pois há mais critérios a serem avaliados a fim de determinar a concessão às promoções ao requerente, utilizando os editais referentes”, observou o magistrado.

Jorge Alexandre Martins Ferreira, entretanto, não encerrou o assunto, e pediu esclarecimentos à PM sobre o pedido do 1º tenente, o que pode garantir suas promoções até atingir o cargo de coronel.

“Forneça informações mais precisas sobre os critérios de promoção dos oficiais da polícia militar nos períodos discutidos, ou seja, desde o ano de 1999 (mil novecentos e noventa e nove) até a data desta decisão”, determinou o juiz.

O magistrado solicitou, ainda, “os critérios utilizados à época para as promoções”, além da elaboração de um parecer, da PM, se Marcos Divino Teixeira da Silva “teria direito, caso não estivesse respondendo a inquéritos policiais, posteriormente arquivados, ou a processos penais cuja sentença foi de absolvição, utilizando-se somente do critério ‘por antiguidade’”.

As informações devem ser prestadas pela Corregedoria-Geral da PM em até 30 dias.

HISTÓRICO DE CRIMES

 

Divino foi acusado de ser o mentor de um duplo assassinato – dos irmãos Brandão Araújo Filho, morto em 10 de agosto de 1999, e José Carlos Machado Araújo, assassinado em 28 de dezembro do ano 2000. A motivação seria uma disputa de terras em Rondonópolis (216 km de Cuiabá), envolvendo a família Araújo e o fazendeiro Sérgio João Marchett, mandante do crime.

O 1º tenente da PM também esteve envolvido num esquema de fraudes em concursos públicos, segundo o Ministério Público Federal (MPF). O órgão ofereceu denúncia à 12ª Vara Criminal da Justiça Federal em Brasília contra 45 pessoas, em julho de 2005, que utilizavam o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), responsável pelas provas, para cometer os crimes. Divino foi acusado de formação de quadrilha.

Em maio de 2014, outro crime. A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Judiciária Civil (PJC), apreendeu 940 litros de defensivos agrícolas numa caminhonete F-250 conduzida pelo dono do veículo – Marcos Divino da Silva.

A apreensão, realizada em Acorizal (62 km de Cuiabá), verificou que as notas fiscais dos produtos eram falsas e prendeu em flagrante, além de Divino, Laércio Robson da Silva e João Carlos Ribeiros. Na época, o oficial da PM pagou fiança de R$ 1.5 mil e foi liberado.

Depois, em fevereiro deste ano, Marcos Divino Teixeira da Silva voltou a ser preso, dessa vez por tráfico de drogas. Ele foi flagrado transportando 107 quilos de pasta-base de cocaína e duas armas na BR-070, em Barra do Garças (509 km de Cuiabá). A prisão em flagrante foi efuada por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF).