Uma forma de comunicação que busca tornar a informação clara, objetiva e fácil de entender para qualquer pessoa, independentemente do seu nível de escolaridade ou conhecimento prévio sobre o assunto. Essa é a finalidade de uma capacitação oferecida pela Secretaria Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) voltada a 17 servidores do órgão. O curso “Linguagem Simples e Direito Visual” foi aberto na manhã desta segunda-feira (16), na Escola Superior da Magistratura (ESMAGIS), no Centro Político e Administrativo (CPA), em Cuiabá, e prossegue até esta terça-feira (17).
“A proposta dessa qualificação é aproximar o judiciário do cidadão por meio de uma linguagem simples e visual. Existe o ‘jurisdiquês’, linguagem própria do meio jurídico, que é técnica, em que o cidadão comum nem sempre tem a compreensão do seu termo, da sua linguagem, na forma de como ela deveria ser. Então a linguagem simples é um caminho que todo judiciário brasileiro está seguindo por uma comunicação acessível, linguagem simples para que o cidadão, que é o nosso cliente, compreenda o que o TRE quer dizer”, relatou o secretário judiciário do TRE-MT, Carlos Luanga Ribeiro Lima.
A qualificação é conduzida pelo facilitador gráfico Sidan Orafa, educador e artista visual, reconhecido por seu trabalho em pensamento visual, linguagem simples e design aplicado à comunicação pública.Natural do Pará, ele possui formação em Ciências Contábeis e Análise de Sistemas, além de experiência como designer de interfaces.Sua trajetória inclui uma vivência internacional que o levou a integrar arte, tecnologia e espiritualidade em suas práticas profissionais.
Ele analisa que, no âmbito do serviço público, as pessoas têm uma dificuldade muito grande de acessar os serviços, justamente por conta de não entender o fluxo da burocracia, o que implica no redesenho da linguagem e de todo o processo burocrático.
“A linguagem simples já está em nosso dia a dia, de certa forma a gente já usa no cotidiano. Por exemplo, quando você vai falar com o seu filho, você não fala nas palavras dos termos que você fala quando você escreve um ofício, por exemplo. A gente não fala nesses termos. Não que a gente vai falar de uma maneira informal com o cidadão, mas que a gente vai tentar aproximar essa linguagem com mais empatia, com mais cuidado, mostrar que a gente tem cuidado também no que a gente faz”, destacou.
Durante a qualificação, os servidores vão poder aplicar o conhecimento adquirido na forma de exercícios, desenvolvendo produtos e familiarizando com a linguagem simples no fluxo e na rotina de atendimento ao cidadão. Neste primeiro dia do curso, os alunos puderam trocar vivências na relação com atendimento recebido em empresas e outras instituições, além de dinâmicas que estimulam o uso da comunicação não-verbal.
Entre os alunos da qualificação está a servidora Ângela Aparecida Gabana de Queiroz, coordenadora de Processamento da Secretaria Judiciária. Empolgada com as possiblidades que a qualificação representa, ela espera que o novo aprendizado ajude reduzir a distância da instituição com o público-alvo.
“Estamos vivenciando que a linguagem simples é uma evolução necessária, tanto para as instituições, quanto para o público que atendemos diariamente. Nesse processo podemos proporcionar maior acessibilidade dos cidadãos às suas diferentes necessidades. Vejo como uma forma inclusão social. Com esse curso, espero que o consigamos aprender a melhor comunicar com o nosso público interno e externo, de modo a proporcionar o entendimento à documentação, tramitação e ao acesso à Justiça Eleitoral”, enfatizou.
Entre os servidores dessa qualificação estão dois do vizinho estado do Tocantins, do TRE-TO. O servidor Dodi Reis é um deles. Ele defende que a linguagem simples não é somente uma necessidade na relação da Justiça Eleitoral com o eleitor, mas na relação de todos os cidadãos com empresas e instituições.
“Podemos ser a cara principal da nossa instituição e não somente aquele que lida com pessoas de diversos níveis, como doutores e magistrados. Precisamos estar preparados para atender aquela pessoa simples, aquela que precisa de uma certidão de quitação eleitoral para atualizar sua vida social”, citou Dodi Reis
A capacitação visa o aprimoramento institucional e do seu corpo técnico, alinhada com as diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do próprio TRE, visando uma acessibilidade mais ampla ao jurisdicionado. Além disso, consta como requisito para a premiação do Selo CNJ de qualidade.