Cidades Quinta-Feira, 30 de Setembro de 2021, 08h:10 | Atualizado:

Quinta-Feira, 30 de Setembro de 2021, 08h:10 | Atualizado:

Notícia

Pais precisam ficar atentos à saúde mental de crianças e adolescentes

 

Da Redação

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

A pandemia da covid-19 afetou profundamente a saúde da população, incluindo crianças e adolescentes. Em isolamento social, distante dos amigos e colegas de escola, avós, e muitas vezes sentindo a perda de alguém querido levado pelo vírus, sem saberem como lidar com suas emoções, os mais jovens passaram a apresentar sinais de depressão e ansiedade, entre outros sintomas.

Somente no CAPS Adolescer (Centro de Atenção Psicossocial) de Cuiabá, o acolhimento de crianças e adolescentes passou de três a cinco, em média, para 10 acolhimentos diários. As questões da saúde mental nos mais jovens se tornaram tão graves, que o Centro chega a acolher crianças com pensamentos suicidas.

O CAPS Adolescer é um centro público especializado no atendimento de crianças e adolescentes com até 17 anos e 11 meses, oferecendo um atendimento completo e multidisciplinar na área da saúde mental. O público alvo é atendido em três segmentos: transtorno mental, álcool e outras drogas e o autismo. São inúmeros profissionais a disposição, como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem e terapeutas ocupacional, entre outros.

O espaço funciona com “porta aberta”, isto é, não é necessário passar por nenhum especialista ou consulta antes para ser atendido, basta os pais ou responsáveis levarem os filhos ou as crianças e adolescentes que serão imediatamente atendidos.

“Após o acolhimento e o primeiro atendimento, é feita uma avaliação sobre a necessidade ou não de um tratamento continuado. Então é elaborado um planejamento de atendimento específico para cada criança e cada adolescente”, explica a Coordenadora Técnica de Saúde Mental do município de Cuiabá, Roseli Batista Costa.

O CAPS Adolescer não faz o acolhimento em situações de crise, como agitações psicomotoras ou tentativas de suicídio. Nestes casos, o recomendado é que a criança ou adolescente seja levado para um serviço de emergência ou que seja acionado o SAMU, que prestará o primeiro atendimento e posteriormente encaminhará o paciente ao Centro.

Roseli destaca que o atendimento se estende a família, pois não é possível cuidar da saúde mental dos jovens sem a participação da família. “Muitas vezes a família não sabe como lidar com a criança ou com o adolescente. Nosso papel também é orientar a família, para ela esteja junto no trabalho desenvolvido pelos profissionais de saúde”.

Crianças e Família - A psiquiatra do Centro, Mariana Moura vai além, afirmando que quando uma criança apresenta alguma dificuldade emocional ou transtorno psicológico, geralmente há um forte problema familiar, como separação, agressividade em casa, uso de substâncias por um dos pais, “ou pais que desde a primeira infância não souberam dar limites para a criança, isso reflete no comportamento delas, que têm dificuldade em obedecer regras e normas. Crianças são muito reativas as pessoas e ao meio em que elas convivem, e elas convivem basicamente com a família e com a escola. O atendimento a criança envolve tratar a família como um todo, porque a criança é um indivíduo como um todo dentro de um contexto que é a família”, explica Mariana.

A médica alerta que qualquer sinal de mudança comportamental na criança deve ser considerado e os pais devem procurar ajuda. “Se os pais perceberem que a criança está mais deprimida, mais retraída, irritada é preciso procurar ajuda. Hoje temos visto muita ideação suicida, inclusive entre as crianças. As ideias suicidas têm crescido cada vez mais com a pandemia, com a mudança de rotina, com o isolamento social”.

O juiz Coordenador da Infância e Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Túlio Duailibi Alves Souza, faz o mesmo alerta aos pais, para que fiquem atentos ao comportamento dos filhos e procurem ajuda assim que notarem qualquer sinal de mudança comportamental. “Esse isolamento e distanciamento social das crianças e adolescentes durante a pandemia tem nos causado imensa preocupação com a saúde mental. Por isso, pedimos aos pais que fiquem atentos ao menor sinal de alteração no humor, no comportamento e busquem ajuda, busquem atendimento, justamente para evitar um mal maior”.

A Coordenadoria da Infância e Juventude do TJMT tem a função de colaborar no aprimoramento da atividade jurisdicional na área da infância e juventude do Estado de Mato Grosso, com foco na assessoria aos magistrados e fortalecimento das relações intra e extra-institucional, visando ao aprimoramento dos serviços para a garantia do direito à proteção integral, com prioridade absoluta à criança e ao adolescente.

Ideias Suicidas - São muitas as alterações mentais que afetam crianças e adolescentes, além da depressão e a ansiedade, incluindo diagnósticos mais graves como esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, patologias relacionadas ao uso de substâncias como álcool e outras drogas, transtorno opositor-desafiador, transtorno de conduta, diferentes níveis de autismo, entre outros.

A psiquiatra explica que, quanto antes a criança e adolescente for atendimento, melhor serão os resultados e o sucesso no tratamento. “Notando uma disfunção no seu filho, nos procure, tudo que é atendido mais cedo tem um prognóstico melhor, fica mais fácil tratar, tem mais resolutividade, para que a criança ou o adolescente possa a ter o seu desenvolvimento normal e não tenha problemas na vida adulta”, destaca Mariana.

Adolescentes - A médica também dá um recado aos adolescentes que estão passando por um processo de sofrimento emocional. “O adolescente que está sentido angústia, muita tristeza, ansiedade, tem pensamentos ruins achando que talvez a morte resolva a situação, nos procure, ou o posto de saúde do seu bairro ou a policlínica, que eles irão te encaminhar a um hospital ou venham direto para o CAPS Adolescer”.

A psiquiatra explica que os profissionais do CAPS Adolescer estão preparados para ouvir queixas, sobre a dor, sobre os problemas, sem julgamentos. “Os profissionais de saúde mental trabalham de uma forma que fica proibido julgar a dor do outro. As pessoas passam por situações de forma diferente e reagem de forma diferente. Mesmo que os pais falem coisas como ‘no meu tempo não era assim, no meu tempo reagia de forma diferente’, o adolescente tem todo direito estar sentindo o sofrimento do jeito que está. Nossa intenção não é julgar, é apenas acolher a dor e ajudar a tratar”.

 





Postar um novo comentário





Comentários

Comente esta notícia








Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet