Santa Casa de Misericórdia da Capital amanheceu cercada de viaturas policiais, que se encarregaram de não deixar que nenhum funcionário entrasse na unidade hospitalar nesta sexta-feira (3). Do lado de fora, embaixo de uma fina garoa, ao menos 30 funcionários esperavam por uma resposta.
Na parte de dentro, o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, se encarregou de analisar os aposentos do hospital e verificar suas condições de funcionamento. Isto porque, no final da tarde desta quinta-feira (2), o Governo do Estado anunciou uma requisição administrativa, em que deve assumir as acomodações da Santa Casa de agora em diante.
Com a unidade hospitalar fechada há mais de 50 dias, os corredores de paredes azuis que antes eram transitados por médicos, enfermeiros e pacientes hoje estão vazios. É possível ouvir o eco dos passos das poucas pessoas que passam pelo local. Contudo, com a nova gestão, a estimativa é que a unidade volte a atender em 30 dias.
Conforme explicou o secretário de Estado à reportagem, o governo não deve assumir as dívidas deixadas pela gestão anterior, mas 'alugar' o espaço e utilizá-lo para gerir um hospital regional, denominado, por hora, como Unidade Hospitalar Estadual de Alta Complexidade. "A Santa Casa não vai ter a situação financeira sanada, o Estado não pode absorver dívida ou depositar dinheiro para pagar dívida privada. Por isso que nós chamamos de requisição, porque a intervenção seria se nós absorvêssemos a dívida", explicou.
Para a nova gestão, apenas as partes consideradas de alta complexidade devem funcionar, como as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), nefrologia, oncologia, ortopedia pediátrica e cirurgia cardiovascular. "São áreas que nós entendemos que são as mais impactantes que a Santa Casa prestava. Nós não queremos resolver problemas de Pronto-Socorro, Upas, nosso objetivo não é esse", finalizou.
Funcionários
Representante dos Profissionais da Enfermagem de Mato Grosso (Sinpen), Dejamir Soares, explicou que o Estado se manifestou no sentindo de depositar o dinheiro da locação em uma conta para que a sociedade mantenedora da Santa Casa quite suas dívidas com os funcionários.
"Os trabalhadores terão que entrar com uma ação para ter acesso a essa conta jurídica querendo este valor", disse. Apesar da manifestação, tudo deve ser melhor esclarecido na próxima segunda-feira (6), quando está uma agendada uma reunião do secretário com os funcionários.
Proposta da nova gestão é que os novos funcionários sejam contratados de forma emergencial em um contrato que pode durar até 6 meses. A partir daí, deve ser feito um novo processo seletivo.
Kel
Sexta-Feira, 03 de Maio de 2019, 12h31