A Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) negou um habeas corpus ingressado pelo produtor de moda Alexandre Monteiro Piva. Ele é investigado por dar um golpe de R$ 249 mil numa digital influencer de Mato Grosso, quando prometeu que iria colocá-la em desfiles nacionais e internacionais, e até mesmo um reportagem na prestigiada revista norte-americana Vogue.
O habeas corpus tenta derrubar medidas cautelares impostas pelo Poder Judiciário Estadual, que consistiram num mandado de busca e apreensão, busca de dados no telefone celular do suspeito, bloqueio de contas bancárias, proibição de acesso a desfiles de moda e outras.
Os magistrados da Quarta Câmara seguiram por unanimidade o voto do desembargador Pedro Sakamoto, relator do habeas corpus ingressado pela defesa do golpista. A sessão de julgamento ocorreu na tarde desta quarta-feira (30).
Nos autos, Alexandre Piva, por meio de seu advogado, alegou que “possui 15 anos de experiência no mercado da morda”, já tendo trabalhado “com diversas atrizes globais”. O operador legal contou que juntou ao processo “131 reportagens na qual ele é citado como diretor artísitco”, sendo um produtor “nacionalmente e internacionalmente conhecido”.
Em seu voto, entretanto, Pedro Sakamoto entendeu que nenhuma medida adotada contra o produtor de moda foi “desproporcional”, revelando trechos das investigações do golpe sofrido pela influencer de Mato Grosso, com 321 mil seguidores no Instagram.
Quando entrou em contato com a vítima, segundo o inquérito policial, Alexandre Piva se apresentou com o pseudônimo de “Alê Monteiro” por meio das redes sociais.
“[A influencer] Havia sido contatada no mês de outubro de 2023 por meio de redes sociais pelo interlocutor que se identificou como ‘Alê Monteiro’ a qual disse ser vinculado a importantes revistas e empresas de moda de renome nacional e internacional. Propondo à vítima realizar ensaios fotográficos e veiculação em revistas renomadas e eventos de moda internacionais. Prometendo colocar a vítima em posição de destaque na mídia nacional e internacional, bem como participar de eventos internacionais de moda”, diz o inquérito.
Num dos episódios, conforme a influencer, o produtor tinha prometido um ensaio fotográfico com o uso de jóias, além de participação num “evento internacional de moda em Paris”, na França. No dia da sessão de fotos, porém, “Alê Monteiro” chegou sem jóia alguma, se mostrou irritado, e diante dos desacordos desafiou a vítima a “procurar seu jurídico”. Ele cortou contato com a “blogueirinha de moda” na sequência.
Apesar de se apresentar como “diretor artístico”, a “capivara” de Alexandre Piva é mais longa do que a passarela da São Paulo Fashion Week. No ano de 2015, ele sequestrou e torturou um outro produtor de moda, em São Paulo (SP), o ameaçando de publicar um vídeo íntimo caso não pagasse o que ele exigia.
Um ano antes, em 2014, ele procurou uma loja de jóias “de grife” na Vila Olímpia, um dos redutos dos Faria Limers em São Paulo, se passando pela apresentadora, atriz e modelo Fernanda Lima.
A loja contou que recebeu mensagens de Alexandre Piva, se passando por Fernanda Lima, que prometeu entregar, em 48 horas, um par de brincos, três colares, um anel e um relógio emprestados, para uso num evento. O estabelecimento só descobriu o golpe quando entrou em contato com a modelo, que negou que tenha autorizado alguém a solicitar os artigos de luxo. Piva penhorou as joias em troca de um empréstimo em dinheiro.
Alexandre Piva também realizava extorsões contra empresários e donos de agências de moda “forjando” encontros sexuais com “homens ricos”, a quem eram “oferecidos” modelos. Ele era um dos responsáveis pelo antigo perfil “@thehanbookbr”, que fazia “denúncias” contra os chamados “book rosa” e “book azul”.