Voluntários enfrentam dificuldades para doar cestas básicas

 

O trabalho voluntário da Associação Fome Não (Afon), de doação de cestas básicas às famílias carentes, está sendo impactado pelo aumento dos preços dos alimentos e carece de mais apoio às ações de solidariedade.

Segundo a presidente da Afon, Maristhela Garcia, a elevação do preço da cesta básica tem afastado alguns mantenedores que sempre ajudavam o trabalho da associação.

"Com o aumento da cesta básica ficou complicado da gente pedir para quem já doa aumentar a doação. Então, o que temos feito é procurar mais mantenedores e equilibrar esse aumento. A gente tem feito alguns eventos para arrecadar fundos, fizemos rifas e bingos", disse.

Ao todo, a associação destina 150 cestas básicas fixas às famílias cadastradas e mais 30 sazonais, que são oferecidos quando alguém passa por alguma dificuldade financeira temporária.

Segundo ela, o número de famílias carentes com mais de dois filhos aumentou significativamente em paralelo ao número de crianças órfãos. "A gente tem visto de cada família com duas ou três pessoas desempregadas, tem muitos filhos. A gravidez triplicou desde o começo da pandemia e com muitos gêmeos nascendo", contou.

A associação atende até 15 regiões em Cuiabá, Várzea Grande, região metropolitana e São Nascente, em Chapada dos Guimarães, a 68 km da capital.

"O mais difícil é conseguir a consciência das pessoas de que o coletivo é o melhor. Que a gente precisa ajudar um ao outro para poder vencer esse desemprego e essa fome. Essa orfandade que está gigantesca depois da Covid. Então, eu peço que as pessoas entendam que o outro é tão importante quanto você", afirmou.

Aumento da cesta básica

Em uma semana, a cesta básica subiu 2,51% em Cuiabá, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em Mato Grosso (IPF-MT). Cerca de 13 itens da cesta aumentaram devido ao período entressafra, o que diminuiu a oferta dos produtos no mercado.

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) fechou o mês de março em 0,95%, ainda em um patamar elevado em razão dos reflexos da inflação.

Segundo a Fecomércio, a elevação nos preços também está relacionado com a variação positiva do petróleo e ao crescimento dos custos de produção dos alimentos.

Com essa alta nos valores, o poder de compra das famílias diminui drasticamente.

De acordo com a pesquisa, o impacto da cesta básica chega a consumir 59,9% da renda de alguém que ganhe um salário mínimo de R$ 1.212.