Cultura Quarta-Feira, 30 de Abril de 2014, 03h:17 | Atualizado:

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Duílio Sampaio será um dos destaques na reabertura da Casa de Artes

 

Da Redação

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No dia 8 de maio, o artesão e músico mato-grossense Duílio Sampaio, 53 anos, se apresentará às 18h na reinauguração da Casa de Artes de Várzea Grande, evento inserido na agenda de aniversário da cidade, que completa 147 anos dia 15 de maio.  Duílio disse ser uma honra poder se apresentar para seus conterrâneos várzea-grandenses, oportunidade em que oficializará um brinde musical coletivo. "Pela música, transmitimos sentimentos humanos, inclusive tristeza. Mas quero transmitir é muita alegria no dia 8, quando utilizarei uma viola de cocho, fruto do meu trabalho de artesão, para comemorar o natalício do município. Mostrar a força da nossa cultura e o quão vibrante são as cordas que detalham a alma artista local".

Para o secretário adjunto de Cultura de Várzea Grande, Edmilson Maciel, apresentações do tipo são imprescindíveis para abrilhantar qualquer evento de peso. "A legítima expressão da arte mato-grossense se insere também na viola de cocho, que representa parte do gigantismo musical do povo várzea-grandense e cuiabano". Maciel complementou que o ato de fabricar e tocar viola de cocho traduz a essência talentosa artística que germina sem parar em Mato Grosso. "É um arsenal inacabável de talentos para municiar gerações futuras e garantir plena imortalidade dos ganhos culturais dos nossos ancestrais", exemplificou. 

O artista Duílio também foi convidado para se apresentar com sua viola de cocho em eventos da Copa 2014. Ele entende que este certame imporá regras evolutivas não apenas à capital mato-grossense, mas também à sua co-irmã, Várzea Grande, e aos municípios que compõem a Baixada Cuiabana. "O grau de transformação estrutural que ora assistimos é fantástico. Os municípios da Região Metropolitana são os maiores beneficiados. É uma mudança radical e antecipada em pelo menos uns 50 anos".

QUEM É... 

Duílio nasceu em Cuiabá, mas se considera várzea-grandense de coração. "Resido aqui há quarenta anos. De lá pra cá, tenho vivenciado diversas transformações culturais, algumas aprimoradas por excelência. A luta do artista é para que as raízes culturais sejam preservadas, independente da evolução que possa acometer seus lugares de origem". 

Uma dessas tradições, detalha, tem relação direta com a viola de cocho, que Duílio diz "arranhar malemá" (conforme o linguajar cuiabano), além de fabricar o tradicional instrumento em sua oficina caseira, na Avenida Filinto Müller (Várzea Grande), pouco depois da entrada da Cohab Canelas. "Tenho apreço muito grande por essa cidade. Várzea Grande já passou por muitas dificuldades, e aos poucos começa a retomar seu ritmo estrutural de crescimento. Em futuro que considero breve, estará totalmente remodelada, de acordo com as aspirações de quantos residem aqui".

Para o músico, "a arte é viva e está no sangue". Ele recorda que seu bisavô (José Xavier de Campos - 'Zé' Xavier) confeccionou há 98 anos sua própria viola de cocho. "Já meu avô, Benedito Antunes de Almeida Sobrinho, mais conhecido como "Dito de Calu", também amava a música. Vivia entre Cuiabá e Várzea Grande, que considerava uma só cidade, apesar de já ter sido emancipada. Morou por vários anos praticamente na beira do Rio Cuiabá, no Porto. Dali só saía para "atravesar até o outro lado" (Várzea Grande)".

Segundo Duílio, essas raízes familiares foram fundamentais para que ele se tornasse um cururueiro e fabricasse violas de cocho. "Na realidade, não são todos os cuiabanos que têm veia artística no sangue. Se os pais levavam os filhos nas festas tradicionais, as chances de se tornarem cururueiros, músicos, eram grandes, bem como de as meninas integrarem os grupos de siriri".

Para trabalhar na confecção de uma viola, Duílio usa facões (de diversos tamanhos) como ferramentas de talhação. "Para a escavação, utilizo um "enxó" goivo e formão goivo, esse último em vários tamanhos". A fabricação de cada viola, informa, demora cerca de sete dias, pois passa por vários processos. "Temos que entalhar, escavar, deixar secar, colocar o tampo, braço, sobrebraço, escraveira, cavalete e pestana e finalmente lixar. "Ao todo, são 25 procedimentos, e cada um deles envolve a três ciências, no mínimo", calcula.

O músico explicou ainda que é preciso escolher a lua certa para a retirada da madeira e do tampo (este em raiz de figueira). "Se não forem observados as mudanças lunares, pode acontecer interferências no som da viola ela simplesmente carunchar em poucos anos, mesmo que guardada com cuidado". Ele só não detalha qual é a lua correta para manter segredo do que considera 'uma das ciências dessa arte'.





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