São poucos aqueles que, com legitimidade popular, despontam como reis na história da humanidade: artistas que alcançaram o reconhecimento máximo, seja da crítica, seja dos fãs. Caso de Elvis Presley, o Rei do Rock; Madonna, a Rainha do Pop; Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e por aí vai.

E Mato Grosso pode se orgulhar, pois também tem o seu: Chico Gil, o garimpeiro que virou Rei do Lambadão. O cantor e compositor agora ganha o título de Mestre da Cultura de Mato Grosso em projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc, por meio de edital da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).

‘Sua Majestade, Chico Gil’ prevê o lançamento de um livro de crônicas pela editora Carlini e Caniato e um filme documentário bem-humorados sobre a vida e obra do rei. Em breve, os produtos serão disponibilizados em site oficial, o www.chicogil.com.br.

Lançamento

O projeto será lançado nesta quinta-feira (27/01) em live show de clássicos de Chico Gil, com os pioneiros do gênero musical: Júnior Magrão e Zé Moraes, considerado o “pai do Lambadão”. A transmissão ao vivo será realizada direto de Poconé (MT) – berço do lambadão –, às 19h30, pelo canal oficial do projeto no Youtube.

O show virtual é mais um produto que fica à disposição das próximas gerações que desejarem conhecer mais sobre os primórdios do lambadão, ritmo que desde a década de 90 embala festas em quintais, casas de shows e festas de santo da Baixada Cuiabana.

"O Zé Moraes foi o cara que promoveu a fusão do rasqueado cuiabano com a lambada paraense e o carimbó; o Junior foi quem aumentou o BPM [batidas por minuto] da bateria para o novo ritmo. Então foram os dois, juntos, que formularam a composição do lambadão que conhecemos com Chico Gil", explica a jornalista e mestre em Cultura Contemporânea, Lidiane Barros.

Proponente do projeto, ela é autora da pesquisa ‘A cadeia produtiva do lambadão: rompendo as fronteiras da periferia’, realizada na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Segundo Lidiane, foram os dois músicos os responsáveis por incentivar Chico Gil, parceiros na banda Novo Espaço, a investir no Lambadão.  “Foi pra eles que o Chico Gil apresentou suas primeiras composições, ‘Morena Pequena’ e ‘Telefone’, assim como o hino ‘Ei, Amigo’”.

Chico Gil, o Rei do Lambadão

Com trajetória artística reconhecida pela periferia e Baixada Cuiabana, o cantor e compositor Chico Gil passou de filãozeiro no garimpo em Poconé a rei, inscrevendo assim, seu nome na história da cultura mato-grossense.

Por sua contribuição para a popularização do ritmo, virou rei. Sua paixão pela música e suas iniciativas ajudaram a projetar uma nova indústria fonográfica da música popular, calcada em sistemas não-oficiais de produção e comércio, em pleno solo mato-grossense. Assim nascia o movimento do lambadão.

Em menos de uma década, o cantor e letrista orquestrou shows, formatou padrões artísticos e compôs hits. Sua música está eternizada em fitas cassete gravadas em quintais de Poconé, no início da carreira – embora não se saiba o paradeiro – e em três álbuns oficiais. Chico Gil nasceu em Poconé, no dia 10 de setembro de 1957 e morreu no dia 30 de julho de 2000, em um trágico acidente de carro quando viajava para apresentações no interior.

“Muito nos orgulha a iniciativa de contar essa história - com fatos até então desconhecidos-, de uma figura que é a expressão máxima do lambadão, movimento de músicos aguerridos que atuam de forma incansável pelo sustento de suas famílias e por amor ao movimento. A secretaria está muito contente em poder contribuir para o reconhecimento e a visibilidade de Chico Gil e o lambadão”, destaca o secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Beto Dois a Um.