A primeira noite de desfiles do Grupo Especial ficou marcada pela grande quantidade de problemas com carros alegóricos. Todas as seis escolas tiveram percalços nesse quesito – resultado inevitável do gigantismo dos barracões das agremiações que fizeram a Cidade do Samba, inaugurada em 2006 para dar uma nova estrutura para a preparação dos desfiles, parecer obsoleta.
Grande Rio, Salgueiro e Beija-Flor, que, no processo de fabricação de alegorias construíram verdadeiros "puxadinhos" na praça central da Cidade do Samba para abrigar seus carros, padeceram com avarias que comprometeram seus desfiles e poderão deixar décimos preciosos no caminho. A Mangueira, que tinha alegorias menores, também teve problemas no quesito. A quantidade de erros das escolas deixa a disputa em aberto e a sensação de que a campeã ainda não passou pela Sapucaí.
Se ficou visível que a São Clemente e o Império da Tijuca deverão disputar o rebaixamento, a briga pelas primeiras posições pode ser definida de acordo com os aspectos que forem mais valorizados pelos jurados. Se a técnica prevalecer, a Beija-Flor pode levar vantagem. Se a emoção for preponderante, o Salgueiro pula na frente. O fato é que todas as escolas erraram demais – quase sempre por conta do gigantismo das alegorias, que atrapalhou bastante a evolução das escolas.
A Beija-Flor desfilou imponente, com belas fantasias e alegorias. Se tivesse um samba de melhor qualidade, com certeza sairia credenciada como a grande favorita do domingo. Apesar da empolgação de seus componentes, a escola não se comunicou com as arquibancadas – uma ironia, afinal de contas, o enredo falava da comunicação para homenagear o empresário Boni. Um problema com o quarto carro, danificado na torre de televisão, bem à vista dos jurados, pode tirar décimos preciosos.
O Salgueiro pisou na avenida com pinta de campeão e apresentou um visual de impacto e uma evolução emocionada, embalada por um dos melhores sambas da temporada e que tem Xande de Pilares como um dos autores. Porém, problemas com o carro abre-alas atrasaram a evolução salgueirense e a escola precisou correr muito para não estourar o tempo.
Grande Rio e Mangueira fizeram apresentações de altos e baixos, muito prejudicadas também por problemas de alegorias. A escola de Caxias, que homenageou a cidade de Maricá, ainda conseguiu tirar os carros da avenida em tempo hábil, mas quase estourou o tempo.
Já a Mangueira, a exemplo do Carnaval passado, ficou com uma alegoria seriamente danificada ao bater na torre – um fato inusitado, já que sua carnavalesca Rosa Magalhães notabilizou-se por sempre levar alegorias de menor porte para a Sapucaí.
Tantos problemas só fazem as seis escolas que passarão logo mais no Sambódromo esfregarem as mãos, ansiosas. Ficou nítida a sensação de que o Carnaval será de quem errar menos. Aguardemos o desfile de segunda.