Criança passa mal e tem a vesícula retirada por engano

 

Uma mulher acionou judicialmente hospitais e médicos, pedindo indenização por danos morais e lucro cessante, além de uma pensão vitalícia por conta de um suposto erro médico cometido em um tratamento feito em seu filho, menor de idade. O juiz Luiz Octavio Oliveira Saboia Ribeiro, da Terceira Vara Cível de Cuiabá, determinou a realização de uma perícia médica, antes de qualquer decisão sobre a ação. 

A ação foi proposta por Vera Lucia da Costa Neves, mãe do menor J. N. da S., atualmente com 12 anos de idade. Ela acusa o Hospital São Lucas do Guaporé e o Hospital Femina, após a retirada da vesícula biliar de seu filho, após, segundo ela, um diagnóstico equivocado de uma enfermidade. 

A mãe alega que foi inúmeras vezes com o filho em 2014, quando a criança tinha apenas 4 anos, ao Hospital São Lucas, sendo atendido pela médica Ruthane. Ele apresentava sintomas como dores abdominais, febre e vômito. Em todas as ocasiões, foram realizados exames como sangue, urina, fezes e ultrassom de abdome total, mas nenhuma patologia foi encontrada, sendo receitado antibióticos, como benzetacil. 

No entanto, em uma das internações, uma médica apontou que a vesícula biliar do menor estava infeccionada e que, dependendo de uma avaliação, existia a hipótese de precisar retirá-la. O menino foi encaminhado para o médico Osvaldo C. P. Mendes, que apontou que a criança estava bem de saúde, mas pediu uma bateria de exames. 

Quem realizou os exames pré-cirúrgicos foi uma médica que apontou para a mãe uma melhora da criança e a diminuição do tamanho da vesícula. No entanto, mesmo com o alerta, o médico teria garantido que o caso era cirúrgico e fez a retirada do órgão em 15 de setembro de 2015, no Hospital Femina. 

Cerca de um mês após a cirurgia, no entanto, a criança voltou a ter as mesmas crises de dores abdominais, com febre e vômito. A mãe alega ter levado novamente a criança à médica que solicitou exames, mas não encontrou nenhuma patologia. O médico foi procurado e afirmou que nada poderia fazer, pois a cirurgia estava bem cicatrizada. 

Após vários encaminhamentos, a criança foi atendida pela  médica, que diagnosticou que a criança possuía Hiperplasia Nodular Linfóide de Íleo. Com a medicação adequada, a criança teve melhoras significativas e permanentes. No entanto, a mãe aponta que por causa da retirada da vesícula, o menor apresenta outros problemas de saúde, diarreias frequentes, privação de vários alimentos, entre outros. 

“Em função do erro de diagnóstico dos requeridos, houve desembolso desnecessário de valores, até a desnecessária cirurgia de retirada da vesícula biliar. Invoca, assim, a existência de erro médico, face a extração desnecessária da vesícula biliar do autor, apontando a conduta imperita e negligente dos demandados. Pretende, assim, a condenação dos requeridos ao pagamento de danos morais, no valor de R$ 300 mil, bem como a condenação ao pagamento de Dano Material e Lucro Cessante no valor de R$ 2 milhões, assim como a constituição de pensão vitalícia de dois salários mínimos vigente, por mês, até que o Autor complete 75 anos de idade e a determinação para a constituição de capital, para garantir o pagamento da pensão mensal”, diz o pedido. 

Em sua decisão, o magistrado rejeitou diversas preliminares apontadas pela defesa dos hospitais e dos médicos, e deferiu a produção de provas documentais, além da realização de uma perícia médica para poder dar continuidade à ação.