Economia Sábado, 24 de Agosto de 2024, 14h:09 | Atualizado:

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ANZOL PARADO

MDB alerta caos social e recorre para derrubar Lei da Pesca em MT

 

Da Redação

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pescaria turismo

 

A suspensão dos efeitos da Lei 12.434/2024, que proíbe a pesca de 12 espécies de peixes em Mato Grosso, voltou a ser requerida junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Um agravo interno foi protocolado nesta terça-feira (20), com o objetivo de reconsideração da decisão proferida pelo relator da matéria no Supremo, ministro André Mendonça.

Se for mantida a decisão, o recurso deve ser enviado para julgamento em plenário, abrindo a discussão com os demais ministros. No pedido de agravo, protocolado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a decisão sobre a liminar, publicada em 03 de julho, é rebatida em diversos pontos.

Entre eles, os argumentos de que a Lei traria proteção ao meio ambiente, que as comunidades e povos atingidos teriam sido consultados e que não faltariam estudos técnicos sobre os estoques pesqueiros nas bacias hidrográficas de Mato Grosso. O argumento do ministro em relação à garantia dos direitos previdenciários das pescadoras e pescadores também foi refutado, com destaque às manifestações e notas técnicas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da Advocacia Geral da União (AGU), que apontam para a perda desses direitos com o recebimento do “auxílio” proposto pelo Governo de Mato Grosso.

Diz um trecho do documento que “o perigo da demora não se faz presente apenas no decaimento exponencial da qualidade de vida da população pescadora, mas, também, na questão previdenciária. A decisão foi fundamentada no sentido de que o auxílio a ser pago pelo governo, teria o caráter indenizatório, o que impediria a exclusão dos pescadores da aposentadoria especial a que têm direito. Todavia, quando esse entendimento se fará valer para a população?”.

Outro ponto de destaque é quanto à consideração do ministro André Mendonça a um único estudo parcial e favorável ao Cota Zero, em detrimento de todas as manifestações e notas técnicas dos órgãos federais envolvidos. Referido estudo foi encomendado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e apresentada em audiência pública em 13 de junho de 2023 pelo consultor técnico em turismo de pesca esportiva, Kelven Lopes. O levantamento se baseia em entrevistas feitas com menos de 80 pescadores de apenas cinco cidades de Mato Grosso. Até o momento, este é o único “estudo” favorável ao Cota Zero já apresentado publicamente.

“Não se trata de uma ‘divergência entre as opiniões dos especialistas consultados nos níveis estadual e federal que possuem argumentos’, mas, sim, a existência de 1 (um) estudo feito com 78 pescadores de uma região específica, que silencia todos os demais entes e mais de 14 mil pescadores.”, aponta o documento.

O pedido de reconsideração da decisão agravada, com a concessão da medida cautelar para suspensão dos efeitos da Lei, utiliza-se de quatro fundamentos, sendo eles 1) de ordem formal, referente à invasão da competência da União e inaplicabilidade do princípio da predominância interesse; 2) de ordem material, referente à violação de direitos fundamentais dos pescadores e pescadoras, além da equivocada utilização de um único estudo desconsiderando todos os outros argumentos e aporte técnicos; 3) a jurisprudência do STF referente à ADI 7319, que deve servir de referência por sua semelhança já que foi reconhecida a invasão de competência da União quando se proibiu a construção de novos empreendimentos hidrelétricos no Rio Cuiabá, decidindo pela inconstitucionalidade da lei à época; 4) o impacto da norma na população de pescadores, com os efeitos de insegurança alimentar, vulnerabilidade social e até relatos de mortes em comunidades.

Em caso de manutenção da decisão pelo ministro André Mendonça, o processo deve ser encaminhado para julgamento em plenário, cabendo aos outros ministros do STF lerem e analisarem os documentos, pareceres, notas técnicas e manifestações dos órgãos federais envolvidos, todos unânimes acerca da inconstitucionalidade da Lei. Desde que assumiu a relatoria do caso, o ministro André Mendonça tem sido irredutível em decidir pela inconstitucionalidade da Lei, não acolhendo nenhum dos argumentos técnicos, manifestações da sociedade civil e das populações atingidas.

O ministro chegou a abrir uma fase conciliatória entre as partes, mas o governo de Mato Grosso rejeitou a proposta do Ministério da Pesca e Aquicultura de suspensão das leis para elaboração de um plano de gestão em parceria entre os órgãos federais e estaduais. Já a alternativa do governo de Mato Grosso foi de flexibilizar a proibição, instituindo, sem estudos técnicos, uma lista de 12 espécies de peixes proibidas de pescar. Essa alternativa foi rejeitada pelos órgãos federais, uma vez que a “saída” não sanaria as inconstitucionalidades da Lei.

O último despacho referente ao Cota Zero no STF é de 03 de julho. Nele, além de rejeitar os pedidos de suspensão dos efeitos da Lei, o ministro André Mendonça adiantou que ainda analisaria o pedido de ingresso de quatro organizações como amicus curiae no processo, entre elas está o Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad), que acompanha o caso desde o início. O julgamento final das três ações diretas de inconstitucionalidade em tramitação no Supremo ainda não tem data marcada. 





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Comentários (10)

  • Juliano

    Segunda-Feira, 26 de Agosto de 2024, 07h38
  • Simples observar sempre são as cidades e regiões mais destruídas e pobres que ainda vivem no retrocesso da pesca se mate e destrua. Existem estados que já existe o transporte zero e hoje os pescadores que entes eram contra são hoje os mais a favor do transporte zero! A intenção desses políticos que apoiam matar tudo são os mesmos que querem ver o povo na miséria e na cultura de destruir e matar tudo. Desses 14.000 que é mentira também não existe 1.500 que ainda vive da pesca e os que vivem só na pesca de rede e cevas fixas que são crimes previstos por lei. O povo é manipulado por políticos pilantras. O que mais tem são barões e crimonosos atravessadores de peixes mortos !
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  • Valdeci

    Domingo, 25 de Agosto de 2024, 14h25
  • Engraçado e que proibiu em um dia e no outro já se inaugura um frigorífico de peixe justamente as espécies que ele proibiu no qual seu desgovernador e sócio.
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  • Hefranxier.

    Domingo, 25 de Agosto de 2024, 08h25
  • Bom dia a todos. O Sr. Francisco de Arruda Machado - simplesmente chamado: Chico do Peixe, o maior especialista do nosso Estado e quizás do Brasil. E, se este canal de debate queira saber a verdadeira situação com aos estoques pesqueiro do nosso Estado, por gentileza, convida-o para uma entrevista.
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  • Francisco de Arruda Machado

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 23h04
  • A ignorância (falta de conhecimento) causaram e causam os maiores problemas para a humanidade. Exemplo típico: o nazismo! Sou filho de pescador nascido em Barranco Alto, distrito de Sto. Antônio de Leverger. Estudo formalmente peixes há 54 anos de minha vida como naturalista, biólogo, ecólogo e ictiologo (especialista em peixes de água doce). Há numerosos trabalhos recentes que demonstram que os estoques pesqueiros de MT estão normais, principalmente na Bacia do Alto Paraguai (BAP). Preteritamente, 20/25 anos, havia poucos pescadores; hoje há 10 vezes mais. Por esse motivo somente a sensação de que há pouco peixe. Somente para que entendam: se alguém precisa de um oftalmologista, não procura um proctologista: o olho é diferente. Simples assim! Achismo não explica nada de concreto!
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  • Jesus Moreira

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 19h10
  • Assim como não pode viver de caça!!! Não se pode viver de pesca nos rios de MT.....pescador não pode ser profissão!!! Tem que proibir. Todas as espécies de peixes. Quer viver de pescado. Cai criar!!! Pra vcs darem calor!!!
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  • Cidadão Matogrossense

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 18h41
  • Haja interesse em ficar mamando no seguro defeso. Pergunte a quem pesca, por exemplo, no Rio Cuiabá, sobre a quantidade de peixes e seus tamanhos há 5, 10, 15, 20 anos atrás. Se a resposta for real, haverá unanimidade em reconhecer a enorme diminuição de tamanho e quantidade. Há outros fatores além da pesca que afetam, sim, mas a pesca predatória reina absoluta nessa seara. Lógico, com a ajuda da pífia fiscalização sobre ceva fixas, redeiros, tarrafeiros, etc. Mas independente do estrago que fizerem com a lei, por favor mantenham o cadastramento comprovado da condição de pescador profissional. Acho que muita gente que nem passa perto do rio vai abandonar o barco.
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  • Hefranxier.

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 17h38
  • Boa noite a todos. Essa lei é mais que inconstitucional, ela é INFAME, pois acaba com a função social dos Rios do nosso estado e, privilegia uma classe social mais abastada, aqueles que se dizem pescadores esportivos, porque quando querem comer um pescado, vão a uma peixaria e comem; pergunto: mas aqueles que precisam do rio para dali tirar o seu sustento ou pescar para levar um peixe para a família, como ficam? Talvez a maioria que participam deste debate através deste canal, têm essa condição, mas aqueles que não têm, como ficam? É isso que está faltando ser debatido.
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  • Salvador de Oliveira Silva

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 17h02
  • Como pode o governador proibir os ribeirinhos de pescar para seu sustento e da sua família,o que o governador deviria proibir é seus amigos despejar agrotóxicos nos rios e garimpeiros despejar mercúrios nos rios contaminando às águas e matando os peixes.
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  • Joao

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 15h45
  • MSN povo sem conhecimento e a serviço de grupos econômicos que querem acabar com tudo
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  • Sandro

    Sábado, 24 de Agosto de 2024, 14h34
  • Liberar seria apenas interesses políticos e nada , precisam entender que quem mais depredam os rios são os que mais estão querendo a liberação. Não são todos do MDB que representam esta ação.
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