Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, desponta como referência nacional no avanço da irrigação como estratégia para elevar a produtividade agrícola e garantir segurança alimentar. Embora apenas 10% da área cultivável do estado conte atualmente com sistemas de irrigação, o potencial de expansão é enorme e estratégico tanto para o abastecimento interno quanto para as exportações.
Reportagem exibida nesta sexta-feira (30) pela Jovem Pan News abordou a vocação de Mato Grosso para o agronegócio e do potencial produtivo no Estado para a irrigação como alternativa como forma para driblar condições climáticas desfavoráveis, como chuvas irregulares. O jornalista Marcelo Matos entrevistou sobre o assunto o presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), Hugo Garcia.
Hugo Garcia destacou que a irrigação é um dos pilares para enfrentar os desafios do clima frente à estiagem e garantir estabilidade na produção. “A irrigação garante uma primeira safra, garante a segunda safra por falta de chuva e te dá uma alternativa. Mato Grosso, por exemplo, tem uma terceira safra: é o único estado do país que pode ter três safras, através da irrigação é o Mato Grosso”, declarou o presidente.
Indicadores do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) comprovam que o estado se consolida como um dos maiores exportadores de soja, milho e feijão do mundo. Por isso a irrigação é uma oportunidade para manter liderança nacional do estado sem comprometer os recursos naturais.
A reportagem apontou ainda que em um cenário global de mudanças climáticas e demanda crescente por alimentos, Mato Grosso dá um passo à frente ao investir em irrigação como ferramenta de estabilidade produtiva e sustentabilidade. Uma estratégia que une tecnologia, responsabilidade ambiental e geração de valor para todo o Brasil.
“Temos em Mato Grosso quatro aquíferos e um volume muito grande de água. Dizer que irrigação acaba com a água não é verdade. Se você analisar que toda a área irrigada do Brasil consome 0,48% do volume de água do nosso território, então não é esse o problema que vai acabar com a água. Somos sabedores que água se recicla. Todo ano ela se renova. Tem as chuvas, tem essa água entrando novamente para o lençol freático. É para isso que serve a irrigação: o uso sustentável para trazer uma segurança econômica para o agro”, explicou Hugo Garcia.
A matéria relaciona o fortalecimento da agricultura familiar com a irrigação, tema tratado como uma prioridade na estratégia da Aprofir. Segundo a entidade, mais de 70% dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar. Para esse segmento, a irrigação não apenas garante maior produtividade, mas também contribui para a permanência das famílias no campo, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico das regiões rurais.
“A única salvação dos pequenos agricultores é a irrigação. Como é que você vai pegar um agricultor familiar que tem um módulo de 10 hectares, 20 hectares, e falar para ele plantar soja, milho, feijão? Ele não vai ter renda suficiente para se manter o ano. Agora, se ele se dedicar à fruticultura, que é um produto de alto valor agregado, ele vai ter renda”, defendeu.
Hugo Garcia citou como exemplo o Rota das Frutas, programa da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) executado em Brasília, cujas famílias se dedicam à fruticultura. “Lá, os agricultores estão plantando mirtilo (blueberry). Sabe quanto faturam no cultivo do mirtilo por hectare? Em torno de um milhão ou um milhão e meio de reais por hectare. Então, nós temos que procurar produtos de alto valor agregado para a agricultura familiar”, concluiu o presidente da Aprofir.
paulo
Sexta-Feira, 30 de Maio de 2025, 14h54