Um dos diálogos que comprometeu o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Sebastião de Moraes Filho, no esquema de venda de sentença na Corte Estadual ocorreu durante um dos processos envolvendo o ‘Rei do Algodão’, o produtor José Pupin. Durante análise dos dados coletados no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado ano passado, foi possível encontrar mensagens em que ele buscava arrecadar R$ 600 mil para repassar ao desembargador e seu filho, advogado Mauro Thadeu Prado de Moraes.
O processo que Zampieri queria favorecer Pupin se refere ao pagamento a uma imobiliária por conta da corretagem da “Gleba/Lote do Guerreiro”, localizado entre os municípios de Gaúcha do Norte e Paranatinga, em Mato Grosso, cuja imóvel estava avaliado em R$ 95 milhões. Pupin foi condenado a pagar 5% do valor das terras para a imobiliária, mais os juros, o que faria com que o valor total ultrapasse os R$ 10 milhões.
Zampieri assumiu a defesa de Pupin pelo valor de R$ 12 milhões. O advogado apresentou um memorando para o desembargador com a intenção deliberada de obter influência em eventual decisão judicial a ser proferida.
Contudo, o filho do desembargador estava atuando para outra parte do processo, o que fez com que Zampieri negociasse a participação do filho no recebimento da propina. Dias depois, Zampieri dialoga com o empresário e cita o favorecimento ao filho do desembargador como compensação a um êxito judicial alcançado, como sua parte, que representava no processo.
Em outro diálogo, Zampieri, por meio do Whatsapp, enviou imagem desembargador Sebastião do que seriam barras de ouro de 400g. “A esse respeito, embora a própria autoridade policial tenha consignado não ser possível afirmar, neste momento, a razão do pagamento, é possível que a contingência tenha a serventia de demonstrar as evidentes imbricações financeiras entre Zampieri e o investigado Sebastião. Há indícios, de fato, de que este estaria sendo beneficiado por algum favor nessa transferência bancária”, diz trecho da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin.
Em outro trecho, Zampieri pede novamente os dados do PIX do magistrado, demonstrando que iria efetuar o pagamento. Sebastião de Moraes foi alvo da Operação Sisamnes da Polícia Federal, que investiga a venda de decisões judiciais envolvendo a Corte estadual e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ele está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica e teve que entregar seu passaporte.
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Sexta-Feira, 29 de Novembro de 2024, 14h49Pedro Alves
Quinta-Feira, 28 de Novembro de 2024, 22h22