Suspeita de ter recebido R$ 20 mil em uma suposta rachadinha em seu gabinete, a vereadora de Cuiabá, Edna Sampaio, juntamente com o Partido dos Trabalhadores, resolveram atacar a imprensa para tentar se defender das graves denúncias. Em uma nota, a legenda disse “repudiar a falta de ética, a manipulação da verdade de setores da imprensa que utilizam de fake news como estratégia de ataque ao mandato do PT na Câmara de Cuiabá”.

Na nota, o PT justifica que “os valores de verba indenizatória recebidos pela Vereadora e pela Chefia de Gabinete são utilizados para as despesas do mandato, a partir de uma conta bancária conjunta, aberta especificamente para essa finalidade”. No entanto, um acórdão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), na ocasião em que a VI para chefes de gabinete foi suspensa, em 2021, apontava que a verba “deve servir exclusivamente com a finalidade de ressarcir o servidor de despesas inerentes ao exercício do seu múnus público”, não podendo ser usada para outros fins.

Em outras palavras, significa que o montante só poderia ser utilizado para gastos da ex-chefe de gabinete, Laura Natasha Oliveira Abreu, e não para despesas do mandato da vereadora, que também recebe uma verba indenizatória para este fim. A nota do PT, assim como Edna Sampaio, comete um equívoco ao afirmar que uma conta bancária, conjunta, foi aberta especificamente para esta finalidade.

Isto porque os comprovantes de transferência publicados pela imprensa demonstram o repasse de valores para duas contas, em duas instituições bancárias diferentes: Banco do Brasil e Sicoob. O partido também classifica como ‘fakenews’, as matérias divulgadas pela imprensa e Edna chegou a notificar os veículos para retirarem do ar as reportagens sobre o assunto.

O termo é utilizado para descrever notícias deliberadamente falsas. No entanto, a denúncia é verdadeira e os documentos comprovam as transferências para a conta bancária da parlamentar.

Cabe aos órgãos investigativos, como o Ministério Público, assim como ao Poder Judiciário, o de dar o devido processo legal e apurar se houve ou não rachadinha, mas desqualificar o trabalho de veículos de comunicação, que apenas trouxeram à tona o caso, é um desserviço à Liberdade de Imprensa.