Não há dúvida de que muitos fatores podem levar à infidelidade. Mas uma pesquisa publicada na edição de agosto da revista "Archives of Sexual Behavior", tira um pouco a "culpa" dos infiéis.
De acordo com estudo, a infidelidade pode ser contagiosa. Em outras palavras: a exposição à infidelidade dos outros predispõe as pessoas a serem infiéis em seus próprios relacionamentos românticos.
Segundo pesquisadores, aprender sobre a suposta prevalência da infidelidade pode diminuir o compromisso de uma pessoa com seu próprio relacionamento e aumentar seu desejo por um parceiro alternativo. "Em nossa pesquisa mais recente, nos concentramos nas circunstâncias em que as pessoas são menos propensas a usar (estratégias que as ajudam a evitar a tentação de trair). Sugerimos que um ambiente de pares que dê a impressão de que a infidelidade é aceitável pode ser uma dessas circunstâncias, pois saber que outras pessoas estão tendo casos pode fazer com que as pessoas se sintam mais à vontade ao considerar ter casos", escreveu Gurit Birnbaum, autora do estudo e professora de Psicologia da Reichman University, de Herzliya (Israel), e especialista em sexualidade.
Birnbaum e os outros pesquisadores realizaram três estudos diferentes sobre relacionamentos monogâmicos heterossexuais. Em todos os estudos, eles expuseram os participantes ao comportamento de traição dos outros e registraram suas reações subsequentes enquanto pensavam ou interagiam com eles.
No primeiro estudo, estudantes de graduação que estavam em relacionamentos comprometidos com duração de pelo menos quatro meses assistiram a um dos dois vídeos – um vídeo que estimou que a infidelidade estava presente em 86% dos relacionamentos e um vídeo que estimou que estava presente em 11% dos relacionamentos. Os pesquisadores então pediram aos participantes que escrevessem sobre uma fantasia sexual. Mediadores independentes avaliaram essas fantasias quanto aos níveis de desejo em relação aos parceiros atuais e alternativos.
O estudo mostrou que saber que a prevalência de infidelidade era alta ou baixa por meio dos vídeos não afetou o desejo dos participantes por seus parceiros atuais ou alternativos.
Segundo estudo
No segundo estudo, envolvendo estudantes de graduação que estavam em relacionamentos comprometidos com duração de pelo menos 12 meses, os pesquisadores expuseram os participantes a um ato de infidelidade ou outro ato de "comportamento antiético em geral", como trapacear nos trabalhos escolares.
Por exemplo, os participantes na condição de infidelidade leram:
"Conheci um homem lindo durante uma entrevista em seu local de trabalho. Consegui o emprego e comecei a trabalhar com ele. Depois de algumas semanas, ele me convidou para jantar. Não pensei duas vezes e aceitei o convite. Nós nos beijamos apaixonadamente depois do jantar. Foi o melhor beijo de todos! Eu não moro com meu namorado, então ele não sabe nada sobre isso."
Enquanto os participantes na condição de trapaça acadêmica leram:
"Sou uma estudante que trabalha 24 horas por dia para financiar meus estudos. Então, às vezes, quando tenho que escrever uma redação, que acho desafiadora ou demorada, copio-a de outros alunos. Quando as coisas ficam difíceis, posso até pagar alguém para escrever o texto para mim. Eu só quero me formar e conseguir esse diploma."
Os participantes então viram fotos de "estranhos atraentes do outro gênero" e indicaram se considerariam os indivíduos retratados como possíveis parceiros. O número de pessoas que eles disseram que considerariam como parceiros foi usado como índice de interesse em parceiros alternativos.
Aqueles que leram sobre infidelidade romântica responderam "sim" a mais fotos de alguém atraente do que aqueles que leram sobre trapaça acadêmica, indicando interesse em mais novos parceiros.
Terceiro estudo
No terceiro estudo, os pesquisadores examinaram não apenas se a exposição à infidelidade dos outros aumentaria o desejo dos participantes por outros parceiros, mas também se eles se esforçariam mais para ver esses outros parceiros no futuro. Para isso, estudantes de graduação que estavam em relacionamentos comprometidos com duração mínima de quatro meses leram os resultados de uma ou duas pesquisas. Um estimou que a prevalência de infidelidade romântica foi de 85%, enquanto o outro estimou que 85% era a prevalência de trapaça acadêmica.