Padre bolsonarista é preso dirigindo bêbado e tenta subornar PM

 

Um padre foi preso, em Bonfinópolis, na região metropolitana da capital goiana, após ser flagrado dirigindo bêbado na GO-010. De acordo com os policiais que atenderam a ocorrência, o religioso estava conduzindo o veículo em zigue-zague. Para piorar a situação, ele tentou subornar uma das agentes.

O caso ocorreu no último domingo (28/7). Um vídeo mostra o momento em que o padre confessa ter bebido cerveja. “Eu pago o valor que vocês quiserem, mas, por favor, só me acompanhem até a minha casa para que eu possa dormir. Quem você acha que é? Eu tenho influência”, teria dito o padre no momento da abordagem policial.

Segundo a Polícia Penal, o padre, identificado como Danillo Neto, foi abordado após quase atropelar dois ciclistas. De acordo com os agentes, ele apresentava sinais claros de embriaguez, além de exalar forte odor de bebidas alcoólicas. Latas de cerveja também foram encontradas dentro do veículo.

O suspeito afirmou que estava dirigindo rumo a um pesque-pague e se negou a entregar os documentos aos policiais, de acordo com o boletim de ocorrência. “Eu sou o padre famoso que aparece no jornal, vocês vão se arrepender de fazer isso”, teria dito aos policiais.

No vídeo gravado pelos policiais no momento da abordagem, o padre ainda diz: “Não quero fazer mal para vocês, não. Eu sou o padre da cidade”.

Os relatos da Polícia Penal acrescentam que Danillo ameaçou a equipe, dizendo que iria “acabar com eles”. “Amanhã, vocês vão estar em todos os jornais, eu vou acabar com vocês”, ameçou o padre, segundo a Polícia Penal.

Os relatos apontam que, além das bebidas alcoólicas, uma arma de fogo com 17 munições foi encontrada no veículo de Danillo. O carro em que a equipe de fiscalização estava era conduzido por uma policial mulher, que afirma no relato ter sido desacatada por seu gênero ao questionar a conduta do padre.

“Com você, eu falo do jeito que eu quiser. Me fala seu nome que amanhã você vai perder esse seu cargo aí. Eu não vou te obedecer”, disse Danillo Costa, de acordo com os relatos da Polícia Penal.

Resistiu à prisão

Ainda conforme os relatos, aos quais o portal g1 teve acesso, no momento em que foi dada voz de prisão ao padre, que acabou algemado, o religioso começou a agredir a equipe, causando lesões nos policiais e arrastando a policial que conduzia a viatura. Após ser colocado no veículo, Danillo continuou com as ameaças, enquanto chutava a grade.

A equipe da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) foi acionada ao local para aplicar o teste do bafômetro, mas o suspeito se negou a fazê-lo. Danillo, o carro que ele conduzia e os itens apreendidos foram encaminhados à delegacia de Senador Canedo.

Ainda de acordo com a Polícia Penal, o padre não portava o documento do veículo no momento da prisão em flagrante. Danillo passou por audiência de custódia na terça-feira (30/7). O líder religioso deve responder por dirigir embriagado, porte ilegal de arma de fogo e tentativa de suborno.

Ainda ao g1, a defesa do padre alegou que questiona possíveis abusos de autoridade por parte dos policias que o conduziram e se reserva ao direito de provar a inocência do religioso no decorrer do processo.

Polêmicas

Danillo Neto é o padre que tirou a batina e abandonou uma missa após uma discussão sobre as eleições para presidente da República. A situação ocorreu dentro da Igreja Matriz Imaculado Coração de Maria, em Nerópolis, na região metropolitana de Goiânia, em novembro de 2022.

Segundo testemunhas que estavam na celebração religiosa, o padre Danillo Neto começou a pregação dizendo que havia pessoas usando drogas em frente à casa paroquial e fazendo o “L”, em referência a Lula (PT).

Em seguida, o padre teria criticado os fiéis que votaram no candidato petista. O líder religioso é apoiador de Jair Bolsonaro (PL).

“Ele falou que quem era petista e votou no Lula era para ir embora e, se não fosse, ia falar o nome de quem votou no Lula”, relatou Bruna Nascimento em suas redes sociais e que estava na missa.