O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (16) que o Pix, um dos temas objeto de investigação pelos Estados Unidos, é um “sucesso”. Segundo Alckmin, o que precisa ser resolvido é a questão da imposição das tarifas de 50% pelo governo americano às exportações brasileiras.
Alckmin fez a declaração ao comentar a abertura de uma investigação comercial pelos EUA contra o Pix, sob suspeita de desvantagem competitiva para empresas americanas do setor financeiro. O governo de Donald Trump também menciona outros temas para a abertura da investigação, como propriedade intelectual e o desmatamento.
“O Pix é um sucesso”, elogiou o vice-presidente, que também citou que o desmatamento no país está sendo reduzido e que é um exemplo para o mundo.
Sobre todos os assuntos questionados pelos EUA, ele afirmou que o governo brasileiro vai explicar ponto a ponto.
Segundo Alckmin, essa não é a primeira vez que os EUA abrem uma investigação comercial contra o Brasil, e, em ocasiões anteriores, o país respondeu aos questionamentos e o processo foi encerrado. O ministro defendeu novamente uma resposta firme e transparente por parte do governo brasileiro. “O interesse de alguns não pode se contrapor aos interesses de muitos”, afirmou. “É um perde-perde.”
Carta em resposta aos EUA
O governo Lula informou nesta quarta-feira (16) que enviou uma nova carta ao governo dos Estados Unidos na qual manifestou "indignação" com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, informou estar disposto a negociar e cobrou resposta a uma outra mensagem enviada em maio.
A carta foi assinada por Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. "Encaminhamos para a negociação e estamos aguardando”, disse o vice. Ele destacou que, desde 16 de maio, o Brasil já havia enviado uma proposta confidencial aos Estados Unidos para avançar em um acordo comercial e rever pontos tarifários que impactam as relações entre os dois países. A proposta, segundo ele, ainda não teve resposta.
O vice-ministro defendeu que empresários e trabalhadores, tanto do Brasil quanto dos EUA, atuem juntos para resolver a questão, com prioridade para o diálogo diplomático e comercial.
Ao ser questionado se os empresários ouvidos hoje apresentavam como alternativa a prorrogação das tarifas, que entram em vigor no dia 1º de agosto, Alckmin respondeu:
“É urgente. O bom é que se resolva nos próximos dias, se houver necessidade nessa negociação de prorrogar, não vejo problema. Agora, o importante era resolver. Você buscar uma solução. Esse é o sentimento geral”.
A Amcham Brasil, Câmara Americana de Comércio para o Brasil, também se posicionou a favor da negociação, segundo Alckmin, e destacou que questões comerciais não devem ser contaminadas por disputas políticas, sob o risco de abrirem precedentes preocupantes.
Reunião com empresários
O g1 apurou que o governo brasileiro aposta na negociação e em reforçar o diálogo com representantes americanos para tentar revisar as medidas sem pedir um novo prazo para as tarifas. E acredita que a pressão de empresários do lado americano – como a manifestada pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos nesta terça – pode ajudar a convencer o governo Trump a mudar de ideia.
Participantes da reunião de Alckmin com empresas norte-americanas:
Abrão Neto, presidente da Câmara Americana de Comércio para Brasil (Amcham Brasil);
Fabrizio Sardelli Panzini, Diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil;
Alexandre Luque, da Johnson & Johnson MedTech Brasil;
Ligia Dutra, da Cargill;
Mariana Orsini, da Brazil Country Leader da Dow;
Gustavo Bonora Biscassi, da Coca-Cola;
Monica Melo, da Sylvamo;
Alfredo Miguel Neto, da John Deere;
Andrea Zámolyi Park, da Caterpillar;
Nayana Rizzo Sampaio, da Amazon Web Services Brasil (AWS);
Pedro Palatnik, da Corteva Agriscience;
Bruno Boldrin Bezerra, da Johnson & Johnson MedTech Brasil;
Daniel Caramori, da General Motors.
Tarifaço
O tarifaço foi informado por Trump em carta enviada a Lula no último dia 9. O presidente americano justificou a aplicação de um imposto de 50% às vendas de produtos brasileiros para os EUA mencionando a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e um suposto déficit no comércio entre os dois países.
Ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Jair Bolsonaro (PL) e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Após o anúncio, o presidente Lula afirmou que o Brasil "não aceitará ser tutelado por ninguém" e que o aumento unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras será respondido com base na Lei da Reciprocidade Econômica.