Opinião Domingo, 07 de Junho de 2015, 10h:50 | Atualizado:

Domingo, 07 de Junho de 2015, 10h:50 | Atualizado:

Vicente Vuolo

Desativação não!

 

Vicente Vuolo

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A antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil que liga as cidades de Corumbá – Miranda – Aquidauana - Ribas do Rio Pardo – Água Clara – Três Lagoas até o Estado de São Paulo está pedindo socorro. Uma tragédia para o país! Um contrassenso! O governo federal anuncia a construção de uma ferrovia Atlântico-Pacífico e, ao mesmo tempo, destrói o que existe (ao invés de modernizá-la). 

A concessionária responsável já demitiu mais de 100 trabalhadores e determinou o fechamento da unidade de produção em Campo Grande e o fim da circulação do trecho Corumbá - Bauru, (ida e volta). Apenas o trecho, que corresponde a Corumbá e Três Lagoas, deve permanecer funcionando. 

E por que isso acontece? Porque no Brasil não existe um Plano Nacional Ferroviário. Não existe planejamento algum. As concessões são feitas sem critérios adequados de preservação, ampliação e modernização da malha ferroviária. Ninguém respeita a história neste país. Que vergonha! 

Como não há um plano, como não existe estratégia, de nada adianta uma Estrada de Ferro Centenária construída com o suor de trabalhadores brasileiros a partir de 1912 ligando Itapura a Corumbá. Pouco importa para os burocratas de plantão que essa linha férrea de rara beleza liga o sudeste até o Rio Paraguai, ao sul de Corumbá, em Porto Esperança, cortando o coração do Pantanal Matogrossense. Ferrovia esta, que transporta minério de ferro e passageiros. 

Lembro-me bem, como se fosse ontem, no início da década de 1970 o percurso de trem que fiz de Campo Grande a Corumbá. Foi minha primeira viagem de trem. Levado pelo meu pai e minha mãe. Entendi, na ocasião, por completo porque o trem de ferro sempre encantou o “pai da ferrovia”, carinhosamente chamado pelos cuiabanos. Cabines, vagão-restaurante, paisagem deslumbrante, pantanal. Uma magia de máquina deslizando na planície pantaneira, rodeada de fauna e flora inexistente em qualquer lugar do mundo. A chegada em Corumbá, a capital do carnaval do Centro-Oeste brasileiro. Carnaval de rua inigualável, escolas de samba como “Flor de Abacate”(tive o prazer de desfilar), o corso tradicional, os clubes Riachuelo, Corumbaense, Marítimo, além de Ladário, distrito ao lado. 

Será que não existe potencial turístico nessa região? Ou será incompetência do setor de logística do país? Quando falamos em desenvolvimento regional precisamos, segundo a melhor técnica econômica e de planejamento, envolver os vários aspectos de uma determinada área (sem esquecer de conectá-la com o restante do país e dos países limítrofes) com potencial econômico e social. 

Há quem diga que o Brasil não planeja. Isso tem algum lado com a realidade. Mas é lamentável que isso ocorra em um país como o nosso. Em uma região como a nossa. Com potencial indiscutível, quer para a mineração, quer para a agricultura, para a pecuária, para a extração e também para o turismo. 

Disso todos nós sabemos. Mas são poucos os que sabem que para fazer com que todas essas potencialidades se liguem e funcionem bem, precisamos de infraestrutura. Especialmente de transporte. Aí entra novamente o trem. Um plano ferroviário é essencial. Aí voltamos ao início. Não há plano, não há estratégia, mas antes que alguém queira fazer, se destrói o que existe. 

Lamentável! Será que só podemos lamentar? Ou há algo que nossos dirigentes sociais, sindicais, religiosos, políticos e empresariais possam fazer? Creio que sim, mas antes de tudo, é importante que nossas elites locais e regionais conheçam e reconheçam a importância de preservar e desenvolver nossas ferrovias. 

* VICENTE VUOLO é economista, cientista político e analista legislativo do Senado Federal. 

[email protected] 

 





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Comentários (1)

  • Ricardo

    Domingo, 07 de Junho de 2015, 18h47
  • É assim que trabalha o seu PT, ladão e incompetente.
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