Opinião Quinta-Feira, 19 de Junho de 2025, 09h:00 | Atualizado:

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Juacy da Silva

Ecologia integral, ecumenismo e diálogo inter-religioso

 

Juacy da Silva

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"Devemos procurar juntos o modo de ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, que constrói o diálogo, sempre aberta para acolher a todos, como esta Praça, de braços abertos, a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, de diálogo e de amor". Papa Leão XIV, primeira benção Urbi et Orbi, 08 de Maio de 2025, Praça de São Pedro, em Roma.

O ecumenismo é o processo, através de um diálogo fraterno, que busca a unidade entre as diversas denominações (Igrejas) cristãs (Católicas e Evangélicas), em torno de aspectos que facilitem ações conjuntas, independente das doutrinas e bases teológicas das mesmas, visando a superação de diferenças históricas que existem entre elas.

Já o diálogo inter religioso representa um esforço contínuo, de diálogo aberto e fraterno, como forma essencial para promover a compreensão mútua, o respeito, a cooperação entre diferentes tradições religiosas ao redor do mundo, procurando construir uma cultura da paz e de compreensão mútua e de respeito `as diferentes práticas religiosas.

A religião, da mesma forma que a arte, a música, o teatro tem um grande poder sociotransformador e uma dimensão libertadora, razões pelas quais deveríamos utiliza-las mais em nossa caminhada em defesa da Ecologia Integral e de nossa Casa Comum.

Só existe um planeta terra que está sendo destruido impiedosamente pela ganância de uns poucos, em prejuzido de bilhões de pessoas. Por isso, esta é uma luta global, de todas as pessoas, grupos sociais e demográficos e políticos, em todos os países e em todos os continentes, por isso estamos ou devemos estar irmanados sempre, independente de nossas línguas, culturas e religiões nesta cruzada pela saúde do planeta, pelo fim de todas as formas de violência e pela paz mundial.

Todavia, como o Papa Francisco enfatizou e nos exortou “o grito da terra é também o gemido dos pobres e excluidos”, pois esses são as maiores vítimas desta insanidade que está destruindo nossa Casa Comum, inclusive tantas guerras e conflitos armados que, não resta dúvida, representam a bestialidade humana, a primazia do ódio sobre o amor , sobre a fraternidade e a solidariedade.

Neste particular, a luta dos povos originários, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores familiares, da mesma forma que os pobres e excluídos que vivem nas peeriferiais urbanas e rurais e nas periferias existenciais, tem sido constante na defesa de seus territórios, suas culturas e suas religiões, enfim, de suas vidas.

Esses povos originários são, de fato, os grandes defensores da natureza, da biodiveersidade, os guardiões das lorestas e das águas, razões pelas quais tem sido as maiores vítimas de uma grande violência e assassinatos, diante da ganância e prepotência de grileiros, garimpeiros e madereiros ilegias.

Por isso é que o Papa Francisco, em sua viagem `a Bolívia, no dia 09 de Julho de 2015, há pouco mais de dez anos, em Santa Cruz, menos de dois meses após ter publicado a Encíclica Lautado Si, em seu pronunciamento `aquela multidão, diante de dezenas de milhares de camponeses enfatizou os seus tres “Ts”: Terra (território), Teto (moradia dígna) e Trabalho (decente e salário Justo), como consta deste trecho do referido pronunciamento: “A Bíblia lembra-nos que Deus escuta o clamor do seu povo e também eu quero voltar a unir a minha voz à vossa: terra, tecto e trabalho para todos os nossos irmãos e irmãs. Disse-o e repito: são direitos sagrados. Vale a pena, vale a pena lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja escutado na América Latina e em toda a terra”

Lembremo-nos, a OMISSÃO, na doutrina da Igreja é um Pecado, o nosso desafio começa pela CONVERSÃO ECOLÓGICA na própria Igreja Católica, demais Igrejas cristãos e outras religiões não cristãs, afinal todas as religiões e Igrejas ainda estão bem distantes desta caminhada em defesa do Platena, tando da defesa da natureza quanto `a defesa da paz. Isto deveria e deve fazer parte das preocupações do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, o ano todo, e não apenas em alguns momentos, como na semana de oração pela unidade dos cristãos.

Mesmo que as Igrejas e religiões tenham diferentes doutrinas e fundamentos teológicos é importante, no momento , em que o mundo está cada vez mais dominado por uma onda gigantesca de violência em todas os cantos, violência doméstica, violência de gêneero, etarismo, violência contra as pessoas com deficiência, violência contra os pobres e, a maior de todas as violências que são as guerras, os conflitos armados, o  terrorismo,  é importante que encontremos aspectos comuns que unam todos os povos, todas as religiões que permitam florescer a cultura da paz, do entendimento e da convivência pacífica entre as pessoas e os povos. Como tem enfatizado o Papa Leão XIV “sejamos construtores de pontos que nos unam e não de muros e cercas que nos separam e nos desunem”.

Além do problema da violência, ainda existem os desafios das estruturas sociais, políticas e econômicas que geram pobreza, miséria, fome, abandono, preconceitos, racismo e, também, a degradação ecológica afetando diretamente todas as formas de vida no planeta, principalmente a vida humana.

Cremos que, as Igrejas e Religiões que tem no amor ao próximo, na aceitação das diferenças de crenças e práticas religiosas possam ser um canal que  nos conduza a um mundo de paz, com sustentabilidade, justiça social, justiça ambiental e justiça intergeracional. Esses são os papéis e os objetivos do Ecumenismo e do diálogo interreligioso, afinal Deus, o Criador, não é propriedade exclusiva de nenhuma Igreja ou de uma Religião apenas.

Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (Cuiabá), sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral Região Centro Oeste.





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