Ganham-se a disputa para a chefia do Executivo quem comete menos erros. Enganam-se os que pensam ao contrário. Pois as páginas da história político-eleitoral mato-grossense estão cheias de exemplos nessa direção. Exemplos que deveriam ser discutidos em quaisquer comitês, sedes partidárias e locais de reuniões políticas. Mas, infelizmente, não os são. E não os são porque há um total desconhecimento por parte dos auxiliares, consultores e marqueteiros das candidaturas.
Estas, então, cometem desacertos infantis, e que, lá na frente, produzem estragos irreparáveis. Portanto, uma derrota (a vitória também) eleitoral começa a ser desenhada bem antes da campanha, e, às vezes, durante e/ou anteriormente a fase compreendida entre o carnaval e as convenções partidárias.
Fase, contudo, pouco observada com atenção, embora seja rica em especulações e conversações políticas. Muitas destas, aliás, quando analisadas corretamente e movimentadas as pedras a partir das ditas análises, evitar-se-iam várias derrotas.
A lista, nesse sentido, é grande. Torna-se muitíssimo maior se elencar os perdedores das eleições realizadas no período que antecedeu ao regime burocrático-militar. Lista que pode ser iniciada com as duas derrotas de Filinto Müller – ambas para o mesmo adversário, Fernando Corrêa da Costa (1950 e 1960). E, olhe que o Filinto, à época, era o político mais cuidadoso com seus eleitores e cabos-eleitorais, com os quais mantinha sempre contatos.
Porém se descuidou de outros detalhes também importantes, em especial aqueles que antecederam as convenções partidárias. Detalhes outros, bastante tempo depois, que igualmente não teve cuidado o Osvaldo Sobrinho, ainda que contasse com um grande número de prefeitos e a máquina estadual. Mesmo erro cometido pelo Antero e o Dante de Oliveira em 2002, candidatos ao governo e ao Senado, respectivamente. Os votos apurados das urnas apenas confirmaram aquilo que já se desenhava um pouco antes das convenções.
Situação, hoje em dia, vivida pelos postulantes da ala governista. Os desentendimentos entre eles são reveladores. Deixam à mostra um quadro de derrota futura. Derrota que ainda pode ser evitada, caso eles tivessem alguém com a habilidade para compreender os sinais do tabuleiro de xadrez da política. As máquinas partidárias e dos governos federal e estadual são insuficientes para superarem os erros que se sucedem, e poderão ser maiores com o desgarramento de um dos grandes partidos da ala.
E isso não está difícil de ocorrer, especialmente se tornarem verdade a especulação sobre a costura de determinadas chapas, com o PR de fora da corrida majoritária. Partido que parecia ser objeto de desejo tanto de governistas quanto de oposicionistas, com estes últimos imprimindo maior cerco, a ponto de se darem como “certo” o ingresso da sigla em suas fileiras, bem como a do PP.
Migrações, caso concretizem, fortaleceriam o grupo de partidos de oposição e enfraqueceriam, sobremaneira, os da situação. Esta se torna ainda mais fragilizada com os inúmeros desacertos cometidos, somados a indecisão, a desorganização e a inabilidade de negociação. E daqui para a derrota nas urnas é apenas um passo.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista