Opinião Segunda-Feira, 29 de Março de 2021, 11h:29 | Atualizado:

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Rosana Leite de Barros

Iasmin

 

Rosana Leite de Barros

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O mundo das escolhas não vem sendo respeitado. Aliás, nunca foi quando aquela que escolhe é uma mulher. Iasmin é uma jovem muito querida pela nossa família. Iasmin é feminista na acepção da palavra, e, se orgulha da sua importante opção.

É sabido que o movimento feminista tem como objetivo a igualdade. Todavia, essa igualdade buscada é a mais clara e objetiva possível. Ora, se aos homens é dado algum direito, porque elas ficam preteridas? Se os homens não são e nunca foram questionados por qualquer situação, qual o motivo do questionamento a elas, quando agem da mesma forma?

Puxa! Que maravilha seria se cada qual pudesse agir de acordo com a sua vontade sem qualquer indagação! Iasmin nasceu e cresceu em lar feminista e despido de preconceito. Em uma família onde não existem tabus, a casa é o local de plena liberdade, sem que a hipocrisia possa fazer às vezes. 

Como toda e qualquer jovem, a nossa Iasmin usa das redes sociais com bastante frequência. Postar, repostar, compartilhar, são verbos usuais. Foi da vontade dela, de há muito, deixar a depilação das axilas. Não tem vontade. Não acha e nem entende primordial em sua vida. Entretanto, meses atrás, Iasmin resolveu colocar em rede uma foto com os braços para cima, deixando à mostra as suas axilas, que por vontade dela, não são depiladas. Existem pelos. Nem é preciso dizer as ofensas pela jovem recebidas. Disseram e mandaram em ironia a palavra ‘gilette’. A chamaram de um personagem conhecido no mundo do cinema por ter o corpo coberto de pelos, dentre outras ofensas e ironias.

A liberdade ainda não possui o seu sinônimo e significado real. De quem é a obrigação em se depilar, em se retirar penugens do corpo? Antigamente as mulheres retiravam os seus pelos que as incomodavam, e os homens os mantinham. Há muito tempo alguns homens retiram toda a penugem corporal, alguém disse algo? Incomodou a alguém? Muito pelo contrário, o discurso deles é em torno da higiene. E quando elas decidem por manter? A quem deve perturbar? Existe alguma proibição nisso? 

Porque ela, por ser mulher, foi ridicularizada como se assim merecesse? Porque tantas críticas? Aproveito para perguntar: porque tanto assédio? Porque o aborto é assunto proibido? Porque a liberdade sexual delas é tão criticada? Porque o ‘bonitinho’ é o casamento para elas até determinada idade? Porque a mulher para se realizar precisa ter filhos ou filhas? 

Ao invés de tantos ‘porquês’, a preocupação com o ser humano que perde a vida por não poder ter direito pleno à saúde é inexistente. E os feminicídios, acontecem ‘embalados’ em que? As importunações sexuais acontecem por qual motivo? Porque são elas as maiores vítimas dos delitos sexuais? 

A população não precisa se calar, mas prefere, em grande parte, se manter quieta, quando o assunto pode ser polêmico e vir a ferir. Quando o assunto é mulher, então... Iasmin querida, o dia em que o mundo estiver livre de julgamentos ao gênero feminino; quando as mulheres deixarem de ser agredidas dentro e fora de casa; quando mulheres deixarem de ser estupradas; quando as mulheres puderem gozar do mínimo de liberdade sexual e social; quando elas deixarem de ser assediadas em ambiente de trabalho; quando deixarem de ser cantadas nas ruas...

Enfim, quando o mundo estiver minimamente confortável à nós, os pelos em suas axilas não irão representar qualquer ‘ameaça’ ou ‘aviltamento’ à clássica família tradicional brasileira. Resistência, é o nome!  

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.

 

 

 





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