As eleições chegaram ao fim, e eu não poderia deixar de exaltar este gigante: Thyago Mourão. Ao se posicionar politicamente com inteligência e humor, ele conseguiu transformar sua mensagem em uma poderosa ferramenta de comunicação. É difícil não reconhecer que seu trabalho foi crucial nesta disputa eleitoral.
Seu perfil tornou-se um espaço de debate, denúncia e democracia. De um lado, estavam aqueles que se sentiam representados por seus vídeos; do outro, havia espaço para quem desejava contrapor suas ideias — e assim o fizeram, alguns até de forma raivosa.
Muitos afirmaram que ele não deveria se posicionar, que deveria permanecer neutro. Mas é possível fazer arte e ser isento ao mesmo tempo? Não, se para o artista o seu trabalho está intrinsicamente ligado à necessidade de se expressar. Emitir uma opinião é, por si só, um ato de posicionamento.
Thyago poderia ter escolhido apoiar qualquer um dos lados; convites não faltaram de nenhum dos candidatos. NENHUM. Mas fez sua escolha por aquele com o qual se sentiu mais alinhado política e ideologicamente.
Ele atingiu uma audiência invejável, o que causou certo desespero entre aqueles que se opunham à sua escolha. Em um único vídeo, ele alcançou, de forma orgânica, 400 mil visualizações — quase cinco vezes seu número de seguidores. Um feito que nenhum outro perfil conseguiu.
É claro que o humor incomoda. E o humor com audiência incomoda ainda mais.
Para aqueles que acreditam que o lugar do artista é ser um mero acessório ao entretenimento, que o humorista deve ser apenas o bobo da corte, sem expressar sua opinião e ali apenas para divertir a realeza, fica a mensagem: o artista existe para dar voz àqueles que nem sempre podem falar, quer você concorde com ele ou não.
O fato é que cobramos dos artistas virtudes que nós mesmos muitas vezes não possuímos.
Que o próximo prefeito seja melhor que o anterior. Evoé!
Eduardo Butakka é publicitário, ator e humorista