Opinião Sexta-Feira, 18 de Julho de 2025, 17h:23 | Atualizado:

Sexta-Feira, 18 de Julho de 2025, 17h:23 | Atualizado:

Jacqueline Cândido

Por que tantas mulheres se perdem em amores tóxicos?

 

Jacqueline Cândido

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Jacqueline Candido

 

Meu coração aperta. Dói.

Para cada notícia de feminicídio – o ápice mais brutal da violência contra a mulher – sei que há centenas de histórias silenciosas. Mulheres que respiram diariamente o peso sufocante de relações tóxicas. Elas não ganham espaço nas manchetes, mas têm suas almas feridas dia após dia por humilhações, manipulações e ameaças.

Desde cedo, ouvimos que precisamos ser “escolhidas”. Que nosso valor está em ter e manter um relacionamento. Como se houvesse um vazio que só um "amor" pudesse preencher — mesmo quando esse amor nos aprisiona. Herdamos de uma sociedade machista a ideia de que devemos nos moldar ao desejo do outro e aceitar migalhas para sermos vistas como “boas o suficiente”.

É assim que nos sujeitamos a críticas disfarçadas de cuidado, ao ciúme possessivo travestido de amor, ao afastamento sutil de tudo que nos conecta à nossa essência. Toleramos o intolerável, anulamos nossos limites e sufocamos nossa própria voz.

E a pergunta que tantas mulheres se fazem é: “Por que não saí antes?” O medo paralisa. Ele é um dos principais motivos por trás da permanência. É o peso invisível de uma cultura que nos ensina que nosso papel é aguentar.

E eles sabem como desestabilizar: nos chamam de loucas, exageradas, nos silenciam. Controlam não só nossas emoções, mas também nossas finanças, tratando nosso próprio dinheiro como se não fosse nosso. O silêncio punitivo é usado como arma: isola, confunde e destrói.

Mas é preciso lembrar: não há amor onde há controle. O verdadeiro amor liberta, acolhe, respeita. E ninguém precisa aceitar menos do que merece.

A violência contra a mulher tem muitas faces: física, psicológica, moral, patrimonial. E todas elas são reconhecidas como crime. A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é um instrumento de proteção real. Ela reconhece que a dor emocional também fere, que a ameaça também mata, que o controle também oprime.

Buscar ajuda não é fraqueza, é coragem. É o primeiro passo para retomar sua vida. Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio, procure os recursos disponíveis: serviços de acolhimento, delegacias da mulher, defensoria pública, centros de apoio psicológico. Você não está sozinha. Que a dor se transforme em voz. Que o silêncio seja rompido. E que cada mulher saiba: sua liberdade é inegociável.

Jacqueline Cândido de Souza é advogada e servidora pública dedicada, engajada na defesa dos direitos das mulheres e na promoção da igualdade de gênero.





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Comentários (1)

  • Cuiabano

    Sexta-Feira, 18 de Julho de 2025, 18h35
  • Acho que uma coisa que é colocada na cabeça das mulheres desde a infância, através dos desenhos da Disney, é que o amor da mulher vai consertar os defeitos do "príncipe". A mulher toma como uma missão mudar o parceiro que, na verdade, não tem mais jeito: é um mal caráter mesmo e não vai mudar nunca. Pode melhorar um pouco às vezes, mas logo retorna com os abusos contra a parceira. E isso confunde muito a mente das mulheres, se acham insuficientes por não conseguirem "mudar" o homem que não vai mudar nunca.
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