Opinião Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2019, 10h:23 | Atualizado:

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Bruno Corrêa Botelho

Uma década sem o Teatro do IFMT

 

Bruno Corrêa Botelho

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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), antigo CEFET, completou seus 100 anos de ensino em 2009. Neste ano, a instituição receberia de presente seu anfiteatro Helio Vieira reformado. A obra terminaria em menos de um ano, e o que era pra ser parte de uma grande festa, se tornou o começo de uma grande dor de cabeça: 10 anos se passaram e os alunos nunca mais tiveram seu teatro de volta.

Esta seria a primeira vez, desde que foi inaugurado na década de 70, que o local seria reformado e revitalizado. Reparos mais que merecidos para um espaço que tanto contribuiu para nossa sociedade. O que aconteceu para que a obra, orçada inicialmente em R$ 2 milhões, nunca saísse do papel?

O antigo Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso (CEFET) era um lugar mágico. Converse com qualquer ex-aluno e saberá. Diferente da maioria dos colégios, onde o objetivo é preparar candidatos ao vestibular, nós tivemos uma formação completa. Pensar diferente era, não apenas permitido, mas também incentivado.

E nesse mar de diversidade, éramos um: CEFETIANOS. Essa instituição formou gerações de cidadãos, no verdadeiro sentido da palavra. E este teatro, hoje interditado e nunca reformado, foi essencial neste processo. No espaço, tivemos o necessário para expressar nossa individualidade. Saraus, debates políticos, festivais de música e intérpretes, premiações esportivas e acadêmicas. Todos tinham voz.

Assistir às apresentações dos colegas estimulava outros a também produzirem. Entre muitas profissões, diversos artistas, músicos, atores, escritores, e políticos, nasceram nesse espaço, que a nossa comunidade não tem acesso. Tínhamos ensinamentos práticos sobre política e participação popular. As campanhas das chapas que concorriam ao Grêmio Estudantil mobilizaram toda a comunidade acadêmica. Quem não se lembra do colégio pintado de roxo e laranja em 2007?

O grupo teatral Pessoal do Ânima tinha o anfiteatro do CEFET como casa. Com eles, tive minha primeira experiência com essa arte naquela época. Assisti ao espetáculo Segredos de Liquidificador dezenas de vezes, e chorei de rir em todas elas. Todo o CEFET repetia à exaustão todas as piadas da Penélope, interpretada por Eduardo Butakka, e da personagem Chapeuzinho, por Thyago Mourão.

Esses são apenas exemplos de um universo de experiências que vivi nesse lugar. Todos que viveram o CEFET antes de 2009 têm centenas histórias nesse espaço. Brigamos, rimos, choramos, amamos. São inúmeros os sentimentos despertos neste espaço, que sempre foi usado como fomentador e difusor de novas ideias.

Tudo isto foi negado aos mais de 20 mil alunos que passaram pelo IFMT nos últimos 10 anos, em que estivemos sem o anfiteatro Helio Vieira.

Bruno Corrêa Botelho é ator e empreendedor social. E-mail: [email protected]

 





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Comentários (2)

  • Nick

    Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2019, 16h44
  • Vai ter bolo?
    0
    0



  • Sandra

    Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2019, 15h24
  • E?
    1
    0











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