O advogado Rafael Panzarini, filho de uma idosa de 71 anos, acusou uma equipe da ambulância de UTI móvel da empresa Maranata Med de negligência, após a morte de sua mãe, em 31 de janeiro deste ano, em Cuiabá. Em entrevista ao FOLHAMAX nesta terça-feira (18), Panzarini relatou que a mãe passou mal e foi inicialmente levada ao Hospital São Judas Tadeu (particular).
Contudo, o estado de saúde se agravou, o que levou a família a contratar uma ambulância particular para transportá-la até o Hospital H Bento, que também é particular. Ao chegarem na nova unidade, uma médica constatou que os equipamentos de suporte e medicação estavam desligados no momento em que a ambulância estacionou. O desligamento foi autorizado pelo médico responsável pelo transporte, João Paulo Garcia de Carvalho.
"Minha mãe passou mal e a levei ao São Judas. Ela precisava de UTI, mas lá não havia disponibilidade. Ligações foram feitas para o H. Bento, e, após a sugestão de uma enfermeira, contatei a Maranata, que poderia fazer o transporte rapidamente. Ela estava sob medicação que a mantinha viva. No São Judas, improvisaram uma UTI no box de emergência. A ambulância chegou e fez o transporte por volta da uma de 1h manhã do dia 31. Quando minha cunhada a levou para a UTI no terceiro andar [do H. Bento] enquanto eu preenchia a ficha, a médica me disse: 'tentei reanimá-la várias vezes", declarou Panzarini.
O prontuário foi disponibilizado à família na última sexta-feira (14). No documento, consta que a idosa apresentava mal-estar e dispneia há um dia e procurou atendimento no Pronto Atendimento do Hospital São Judas Tadeu. Ela foi submetida a injeções em decorrência de uma provável embolia pulmonar aguda (EAP) e passou por quatro paradas cardíacas. Após estabilização, foi possível transportá-la para a UTI.
O documento também afirma que a ambulância chegou com todas as linhas instaladas, mas em mau estado de conservação. A idosa teve um agravamento no estado e passou por cinco ciclos de manobras de reanimação, mas não resistiu.
Panzarini encaminhou à redação um documento com a evolução do paciente feito pela enfermagem. Conforme relatado, a paciente foi transferida do P.A do Hospital São Judas Tadeu com medicações em alta vazão conectadas, porém todas sem bomba. Segundo a equipe de transporte, essas medicações foram desconectadas dentro da ambulância antes de subir até a UTI. O documento aponta que a paciente chegou cianótica na unidade, com extremidades frias, pupilas médio-fixas e sem pulso. Foram iniciadas imediatamente manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP). Após cinco ciclos sem retorno da circulação espontânea, foi declarado o óbito às 2h22 pela médica plantonista.
O advogado informou que pretende registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil. "O médico da ambulância deixou a doutora fazendo a reanimação e foi embora. Com o prontuário em mãos, farei o registro e denunciarei ao CRM. Com certeza, entrarei com uma ação contra a Maranata e o médico", finalizou.
FOLHAMAX entrou em contato com João Paulo Garcia para obter uma manifestação sobre o caso, mas ele não se pronunciou até a publicação da matéria.
Sociedade
Terça-Feira, 18 de Fevereiro de 2025, 15h13