Denúncias de pessoas ligadas à saúde, mas que não são do grupo prioritário e que estão “furando fila” para tomar vacina contra a covid-19 circulam nas redes sociais. Nesse fim de semana, o ator André de Lucca, que interpreta Almerinda, publicou o caso de dois homens, que seriam recepcionista e segurança de unidades de saúde e que publicaram fotos tomando a vacina.
Como os imunizantes encaminhados para Cuiabá foram insuficientes para vacinar todos os servidores da saúde estão sendo priorizados funcionários que atuam diretamente no tratamento de pacientes com a doença. Ao todo são 21 mil servidores na capital e foram recebidas 8.027 doses.
Na publicação feita pelo artista é citado que ambos os servidores são advogados e trabalham como seguranças em unidades de saúde do Pedra 90 e no Parque Ohara. Um deles também é empresário do ramo alimentício. “Ele tomou a primeira dose. Parabéns ao ‘advogado’ Dr [...] linha de frente do covid, lotado como Coordenador Especial da Policlínica do Pedra 90. Segundo o portal da Transparência de licença desde setembro”, diz uma das publicações.
O acusado respondeu a publicação, dizendo que foi contratado por meio de processo seletivo e que trabalha diretamente com pessoas infectadas, portanto, tem direito a ser imunizado neste primeiro momento. A publicação recebeu vários comentários de pessoas indignadas com a situação. “[...] só que você não está na linha de frente. Fura fila, fura olhos e sabe-se lá mais o que! Sem doses de vacinas suficientes para os profissionais que estão efetivamente trabalhando e o bonito que está em casa toma antes. Só por Deus e um pé de pequi pra ainda pensar que está com razão! Aliás, todos os seus 'colegas' da policlínica que não estão afastados, receberam a vacina? Imoral!”, diz uma das mensagens.
Na outra denúncia, o ator questiona se pode o dono de uma hamburgueria furar fila e tomar vacina no lugar de quem atua na linha de frente. “Ele é o que? Grupo de ricos?”.
Desde o primeiro dia de vacinação foram feitas denúncias quanto as falhas no controle da vacinação. A Prefeitura de Cuiabá já havia se pronunciado que iria exigir que a direção de cada unidade de saúde que atenda covid encaminhasse lista de funcionários aptos a serem vacinados. Funcionários que fizessem o agendamento, mas não estivessem na relação não iriam ser vacinados.
Diante da situação, o Ministério Público Estadual (MPE) abriu inquérito para apurar as denúncias de “fura fila”.
Outro lado
Sobre a denúncia do ator, a Secretaria Municipal de Saúde informou que:
"A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que Leonardo Rodrigues Amorim atua como celetista, administrativo de nível superior, atuando na Policlínica do bairro Pedra 90 como recepcionista. Ele encontra-se afastado das atividades por ser do grupo de risco em decorrência de comorbidade.
O servidor foi vacinado por constar na lista de trabalhadores de unidades de saúde que atendem pacientes acometidos pela Covid-19. Tão logo ele conclua o cronograma de imunização, ele retornará às atividades laborais.
A SMS destaca que, desde o início da pandemia, toda a rede de saúde sofreu com o déficit de trabalhadores, seja por fazerem parte do grupo de risco ou por terem se infectado no exercício da profissão e a imunização desses servidores é de extrema importância para que a rede esteja totalmente preparada para atender à população.
A SMS ressalta que o plano nacional de imunização contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, inclui trabalhadores da saúde no grupo 1, ou seja, não somente profissionais com foram ação na área da saúde, independentemente da função que exerçam".
Coveiro
Terça-Feira, 26 de Janeiro de 2021, 13h50