Polícia Quarta-Feira, 01 de Junho de 2016, 23h:27 | Atualizado:

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1,5 MIL CHEQUES

Funcionários aplicam golpe de R$ 6 milhões em factoring de Cuiabá

Cheques de baixo valor eram emitidos para despistar dono de empresa

EDUARDO GOMES
Diário de Cuiabá

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Uma fraude recorrente praticada ao longo de oito anos por dois funcionários da JVP Factoring, de Cuiabá, e supostamente com a participação ou omissão de bancários do Bradesco abriu porta para que aquele banco pagasse cerca de 1.500 cheques fraudados da JVP, que causaram um rombo superior a R$ 6 milhões no caixa daquela factoring. 

A factoring comunicou o fato ao Bradesco pedindo esclarecimentos, mas o banco não se pronunciou. Paralelamente a essa medida a fraude foi denunciada pela JVP ao Banco Central, Procon Estadual em Cuiabá e à Polícia Civil. 

O advogado Marcelo Figueiredo, que representa a factoring, explicou os mecanismos da fraude. Segundo ele, o então funcionário do setor financeiro da JVP, José Honório Dantas de Souza, que era encarregado da impressão dos cheques movimentados na agência 1966 do Bradesco em Cuiabá, desviava algumas folhas diariamente ou em dias alternados

Com as folhas em branco ele providenciava a falsificação da assinatura do presidente da JVP e alguém a seu mando sacava no caixa do banco os valores emitidos. José Honório tinha – acrescenta o advogado – o cuidado de não emitir cheque com valor igual ou superior a R$ 5 mil, pois temia que funcionário da agência ligasse ao emitente para confirmar a emissão, o que não acontecia. “A fragilidade da segurança bancária em verificar a autenticidade ou não da assinatura do cliente e a omissão em não confirmar a emissão do cheque com o emitente, foram decisivas para que tudo isso acontecesse”, analisa o advogado. 

A prática recorrente da fraude baixou a guarda de José Honório e ele passou a depositar cheques fraudados da factoring na conta corrente de sua mulher, Leiliana Machado Azevedo, na Caixa Econômica Federal, “Constatamos uma movimentação em torno de R$ 3,5 milhões na conta dela”, acrescenta o advogado.

A partir de então, o pagamento dos cheques fraudados era feito tanto na boca do caixa quanto pela câmara de compensação, sem que o banco confirmasse a emissão com a JVP. Em junho de 2013 José Honório resolveu testar a fraude sobre valores mais elevados.

Naquele mês ele depositou na conta de Leiliana um cheque de R$ 9.950 e o banco não telefonou ao cliente para confirmar a emissão, porque somente o faz com valores acima de R$ 10 mil. A porteira estava escancarada para os cheques fraudados subirem para até R$ 9.999. 

Em 2014 uma auditoria interna na factoring descobriu a fraude. José Honório e outro funcionário foram afastados, o banco foi comunicado e a JVP lhe pediu esclarecimento, mas nenhuma resposta foi dada. Porém, a partir da comunicação o Bradesco passou a confirmar a validação ou não dos cheques emitidos pela factoring.

Até então, na microfilmagem dos cheques não havia nenhuma citação às comunicações. Após a mesma, a microfilmagem mostra no verso das folhas de cheque o carimbo que confirma o pedido de informação feito pela agência ao cliente. “O Bradesco passou a confirmar a emissão dos cheques e essa medida impede que novas fraudes aconteçam. Porém, quanto ao prejuízo superior a R$ 6 milhões, considerando-se apenas a soma dos cheques, o banco não se pronuncia nem assume responsabilidade”, questiona o advogado. 

O Diário entrou em contato com a Gerência Regional do Bradesco em Cuiabá para ouvir o banco sobre o fato e aguardou durante cinco dias para falar com seu titular, Daniel Kiefer de Araújo. Por telefone, uma secretária de Araújo disse que o banco não se pronunciaria sobre o caso da JVP Factoring. José Honório e Leiliana não foram localizados. 

Indiferente ao silêncio do Bradesco, a factoring aguarda pela manifestação do Banco Central, o desenrolar do inquérito policial e o posicionamento do Procon. 





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Comentários (9)

  • Bet?o

    Sexta-Feira, 03 de Junho de 2016, 13h03
  • A maior gravidade que vejo nesta matéria é ?? por 1.500 vezes o banco não conferiu a assinatura ?? por 1.500 vezes o banco não teve a capacidade de reconhecer a assinatura falsa ??? eu como correntista do Bradesco, tenho minha folha de cheque furtada, falsificam minha assinatura, e o banco pagaaa.....EU QUE TENHO QUE FICAR NO PREJUIZO ???? Nunca, tem algo errado ai...como posso confiar num banco que não consegue reconhecer uma assinatura falsa....Não quero saber quem é o dono, se e ladrão ou não...mas me chama atenção, que é um risco que todos os correntistas podem correr....Os bancos não tem curso para reconhecer assinatura falsa ????
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  • FPG

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 14h41
  • O mesmo proprietário desta factoring havia comprado uma imensa área do estado a preço de banana.Mil anos de perdão a seu colaborador !....
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  • joanyr

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 12h35
  • Existem legislacoes vingentes nos bancos protegidas por normativas do banco central, cheques devalores inferiores não observancia de confirmção de emissão do emitente, pratica esta abordada pela maioria dos instituicões Agora se um funcionario responsavel pela empresa, o responsavel pela emissão dos referidos cheques, frauda a assinatura do diretor, a responsabilidade e exclusiva da empresa não do banco.
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  • Pedro

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 10h14
  • Dessa Factoring veio muita grana para Acorizal na eleição passada. Dinheiro a rodo.
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  • Paulo

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 10h08
  • Ambos têm culpa, a empresa é responsável pela conferência das folhas recebidas e por sua guarda, além do acompanhamento rotineiro de seu caixa. O banco é responsável pelo ato de seus funcionários, e é mera liberalidade do banco conferir ou não a assinatura, a emissão via fone ou outra via, trata-se de medida de segurança. Os bancos não fazem conferência de tudo pois calculam que uma ou outra fraude não justifica o tanto que economizam conferindo tudo. Dá nisso né.
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  • Dorneles

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 08h28
  • O empresário, que é investigado na Operação Ararath e chegou a ser alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, foi acionado na Justiça pelo produtor rural, que tentava anular a dívida sob o argumento de que Jânio Viegas teria praticado “agiotagem”. - O funcionário também quis uma parte da merenda. Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão, diz a lenda!
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  • Roberto sobrinho Queir?s

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 05h58
  • Uai o banco que tem culpa? Um funcionário da factoring de extrema confiança, pois tinha autorização para pegar cheques, aprende a copiar a assinatura e o banco que tem culpa? Não entendi. Tem cláusula que obriga o banco a ligar antes para poder pagar os cheques? Só depois de dois anos a empresa percebeu? Quem da empresa é responsável para fazer o encontro de contas dando baixa nos cheques?
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  • Ricardo

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 00h58
  • Ja dizia meu avô, aqui se faz, aqui se paga, dinheiro fácil vem, dinheiro fácil vai, essa é a história de um sem coração... e o pior... brabo ainda hein...
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  • Marcos

    Quinta-Feira, 02 de Junho de 2016, 00h40
  • Pra vc ver né, onde esta o dinheiro da AL
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