Suellen Alencastro, de 40 anos, mãe da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos morta estrangulada na última terça-feira (22) em Cuiabá, está internada em uma unidade hospitalar em Cuiabá. Ela foi espancada ao chegar em casa no bairro Morada do Ouro, pelo filho do ex-namorado e outros dois menores durante um falso roubo com sequestro.

Benedito Anunciação de Santana, de 40 anos, ex-gerente de Transportes da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação (Seciteci), e o filho dele, Gustavo Benedito Junior Lara de Santana, de 18 anos, foram presos após o crime. As prisões preventivas dos dois foram decretadas nesta quinta-feira (24) durante audiência de custódia. Benedito era namorado de Suellen, que teve o rosto desfigurado e sofreu ferimentos na boca, testa e olhos durante as agressões. 

Em entrevista à imprensa, já depois de preso, e durante depoimento na Polícia Civil, Benedito tentou imputar a Suellen a culpa pelo crime. Ele alegou fez o que a então namorada teria pedido porque ela não aceitava o fato de Heloysa "gostar de mulher".

Após essa declaração, a advogada Renata Cristaldo, que representa a família da menor, emitiu uma nota classificando a declaração de Benedito como absurda, cruel, covarde e um vilipêndio à honra da mãe.

No texto, a jurista afirma que o ex-servidor tenta transferir seu ato bárbaro à própria mãe, além de ferir moralmente a memória da adolescente com suas falas infundadas e caluniosas. Em um vídeo, Benedito afirmou que Suellen não aceitava que Heloysa "gostasse de mulher" e que ele havia feito o que ela pediu. Segundo a nota, Benedito está desesperado e criando uma narrativa distorcida para atenuar sua responsabilidade penal.

 

Heloysa e sua mãe foram alvos de criminosos que simularam um roubo na casa delas, localizada no bairro Morada do Ouro, e fugiram em um carro HB20 com a adolescente. O plano era matar ambas, mas a mãe chegou tarde em casa. Ela estava acompanhada de uma amiga e um bebê, que foram poupados. Suellen foi espancada. Heloysa já estava morta. O corpo foi encontrado dentro de um poço no bairro Ribeirão do Lipa. O perito Manoel Messias informou que a causa da morte de Heloysa foi asfixia, provocada por um cabo USB, e encontrou marcas no pescoço da vítima que correspondiam ao cabo, além de muitos desses cabos e documentos da vítima na cena do crime.

O delegado Guilherme Bertoli, da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (Derfva), indicou que, inicialmente, a polícia investigou um roubo, mas essa hipótese foi descartada. Câmeras de segurança mostraram que o namorado da mãe da adolescente esteve na casa duas vezes, levando os criminosos em um veículo oficial do Estado.

Foi constatado que não houve arrombamento na casa, o que sugeriu que o namorado havia levado os suspeitos até lá. Ele foi levado à delegacia. Durante as investigações, um dos adolescentes envolvidos confessou o crime e indicou a participação do namorado da vítima e do filho dele.

Na madrugada do crime, o namorado e seu filho, de 18 anos, foram presos. Um adolescente foi apreendido. No dia seguinte, um quarto suspeito, também menor de idade, foi apreendido. Câmeras da UPA Leblon mostraram Benedito chegando ao local com sua namorada, Suellen, que estava em uma cadeira de rodas, empurrada pelo prefeito Abílio Brunini (PL).

Nota da família

"A defesa e a família de Suellen, mãe de Heloysa Maria, brutalmente assassinada em 22/04/2025, informam que não se manifestarão publicamente no momento. Suellen está hospitalizada, recuperando-se das agressões sofridas no mesmo crime e profundamente abalada. Ela não tem condições de prestar esclarecimentos.

Sobre a acusação infundada de que Suellen teria mandado matar a filha por ser supostamente homoafetiva, as confissões gravadas do réu e de seu filho, já divulgadas pela imprensa, são claras. A tentativa de alterar os depoimentos é uma estratégia defensiva para criar dúvidas.

A família confia no trabalho da Polícia Civil, da POLITEC e da Segurança Pública, que investigam o crime com responsabilidade.

Pedimos que aguardem a conclusão do inquérito, evitando especulações que amplificam a dor da família.

Cuiabá, 24 de abril de 2025

Renata Cristaldo da Silva Alencastro Advogada da família".