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Polícia Quarta-Feira, 04 de Junho de 2025, 21h:40 | Atualizado:

Quarta-Feira, 04 de Junho de 2025, 21h:40 | Atualizado:

CASO RENATO NERY

MP pede que PMs voltem à prisão em MT

 

GAZETA DIGITAL

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O Ministério Público do Estado de Mato Grosso pediu, nessa terça-feira (3), que seja reformada a decisão do juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, que revogou a prisão preventiva dos policiais militares Wekcerlley Benevides de Oliveira, Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso e de Wailson Alesandro Medeiros Ramos, suspeitos de envolvimento na morte de Renato Nery. O grupo é acusado de forjar confronto policial para "plantar" a arma usada no assassinato do jurista no local. Segundo o MP, laudo balístico, mensagens em grupo de WhatsApp entre os PMs, foto de Nery no celular de um dos PMs e pesquisas nos aparelhos celulares sustentam a prisão preventiva do grupo.

De acordo com o MP, a decisão do juiz merece reparo e considera que a revogação da prisão preventiva teve como base premissas jurídicas consideradas inadequadas. “A peça acusatória trouxe elementos técnicos adicionais que comprovam a gravidade excepcional dos fatos, incluindo a comprovação científica, através do laudo pericial balístico, de que a pistola Glock modelo G17, calibre 9mm, número de série VPL 521, 'encontrada' no suposto confronto, foi a mesma utilizada para executar o advogado Renato Gomes Nery em 05/07/2024 e em outro homicídio ocorrido em 2022”, diz trecho.

Ainda segundo o MP, os elementos probatórios reunidos demonstram de que não houve confronto real, mas sim uma “execução deliberada seguida de inovação artificiosa da cena do crime”. “A perícia balística comprovou que os projéteis e estojos encontrados na cena foram disparados exclusivamente pelas armas dos próprios policiais denunciados, e não pelas armas supostamente em posse das vítimas. Esta constatação técnica, estabelecida através do laudo, constitui elemento irrefutável que demonstra a simulação do confronto policial”, argumenta.

É dito ainda que as armas supostamente apreendidas foram entregues diretamente pelo réu Jorge Rodrigo Martins, e não recolhidas pela perícia no local junto ao corpo da vítima. Além disso, não foram encontradas perfurações de disparos em nenhum dos veículos envolvidos, circunstância que torna implausível a alegada troca de tiros.

A resposta da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) confirmou que as munições encontradas na cena do crime que vitimou o advogado Renato Gomes Nery pertenciam à Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, especificamente ao Batalhão da ROTAM. Segundo a peça, relatórios técnicos de análise forense dos aparelhos celulares dos militares constituem prova técnica de extrema relevância. É citado inclusive que no aparelho celular Wailson, continha foto da vítima Renato Gomes Nery salva no dispositivo em 6 de julho de 2024, apenas um dia após o homicídio do advogado, o que evidenciaria conhecimento prévio do crime e possível envolvimento direto.

Foram também encontradas pesquisas na internet sobre a morte de Renato Gomes Nery realizadas em 22 de fevereiro de 2025, o que, na visão do MP, demonstra interesse contínuo no caso. Também foram encontrados áudios no aparelho avaliados como comprometedores. Em um deles, Wailson afirma: "Acabei de trocar tiro aqui nega!", seguido do áudio "Acabei de trocar tiro tá?". No dia seguinte, o áudio revela detalhes técnicos sobre ferimentos causados: "Cara tomou um disparo na por*a do peito, transfixou, deu hemotórax que é sangue né, drenaram o sangue dele, o filho da pu** não morreu cara!".

Em outro áudio é dito: "Mas tá bom, tá de boa, mas tem aquela coisa, todo confronto tem alguém morto, eu estou de boa, falei para os caras, pedi desculpa pela caga** de pa*, mas acho que não foi caga** de pa* não!". Para o MP, a declaração demonstra a naturalização da violência letal e a consciência de que perseguições policiais devem resultar em mortes. É complementado que Jorge Rodrigo Martins e Leandro Cardoso são réus da Operação Simulacrum, operada por organização criminosa responsável pela morte de dezenas de vítimas, sempre sob o “manto” de confrontos forjados.

Perícia no aparelho celular de Leandro Cardoso revelou a existência do grupo de WhatsApp intitulado "Gol Branco", criado em 12 de julho de 2024 às 11:46:18h por “Sd Rt Benevides”, inicialmente denominado "Ocorrências ROTAM". Os participantes incluíam Leandro, Sd Rt Benevides, Cb RT Medeiros 18 e Sgt Rt Jorge, ou seja, exatamente os 4 réus.

Consta que as conversas no grupo evidenciam tentativa de combinação de versões, preocupação com divergências de depoimentos e indício de obstrução da justiça. Há orientações explícitas sobre depoimentos. "Sempre conforme o B.O., entendeu? O B.O. tá ali dá uma olhada de novo", diz uma das mensagens. "Nada, eu acho que deve tá dando divergência em nosso depoimento", cita outro conteúdo. "Porque essa porr* ele filmou tudo, ah nosso depoimento, pó", menciona outra mensagem de texto.

Outros comentários no grupo sugerem a existência de indivíduo identificado como “15” dentro da organização com histórico de violência letal sistemática. "O 15 está demais esse ano", "Ele não para", "Ele só pensa em matar, matar, matar", dizem mensagens enviadas.

Para o MP tais fatos evidenciam uma verdadeira organização criminosa voltada para eliminação de pessoas e a liberação dos quatro representa risco concreto à instrução criminal e que as medidas cautelares diversas da prisão são vistas como inadequadas e insuficientes. Diante do exposto, o Ministério Público pediu que seja reformada a decisão, restabelecendo-se a prisão preventiva dos quatro acusados.





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Comentários (1)

  • Antônio

    Quinta-Feira, 05 de Junho de 2025, 07h47
  • Agora é o momento da filha do Advogado ir a mídia e protestar contra a soltura dos PMs....
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