Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) informou, na manhã desta sexta-feira (30), que as incisões e as suturas que a família encontrou no corpo de Gabrieli Daniel de Sousa, 31, não são de agressões e torturas supostamente sofridas pela vítima, mas sim dos trabalhos do exame de necropsia. Gabrielli foi morta pelo marido, o policial Ricker Maximiano de Moraes, 35, no domingo (25), em Cuiabá, a tiros.
Conforme já divulgado pelo GD, inicialmente, a polícia informou que a vítima morreu após ser atingida por 3 disparos de arma de fogo. Na quarta-feira (28), Elaine Cristina, prima de Gabrieli, deu detalhes de como estava o corpo da dela.
“A gente acredita que ela foi agredida antes de ser assinada. Porque, segundo informações que passaram para gente, as costas dela tinha facada, tinha cortes de faca nos braços, no rosto, atrás de orelha. O cabelo dela, que era longo, comprido, estava todo picotado, e sumiu, não sabemos onde foi parar o cabelo dela”, contou.
A Politec, em nota, destacou que as incisões e as suturas são necessárias para a abertura do corpo durante o exame e que são aplicadas em todas as vítimas que passam pelo procedimento.
“As incisões cirúrgicas no braço e nas costas, e atrás da orelha, são necessárias para a localização os projéteis alojados na vítima, identificação da trajetória do tiro, e que deixam lesões no corpo após término”, explica o órgão.
Foi ressaltado ainda que o exame de necropsia não apontou nenhuma lesão corporal decorrente de agressão, apenas as de arma de fogo, que causaram a morte dela.
No Cadeia Neles de quinta-feira (29), o advogado Rodrigo Pouso contou que conversou com o policial, que está preso, e ele negou que tenha cometido agressão, tortura ou que tenha usado faca e cortado o cabelo da vítima.
O caso
Passava das 17h20 de domingo (25) quando a polícia foi acionada para uma ocorrência de feminicídio no bairro Praeirinho. Quando a equipe chegou, encontrou o corpo de Gabrieli na cozinha da casa.
A morte já tinha sido confirmada pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela estava ferida com 3 tiros de calibre.40. Uma testemunha contou que não ouviu nenhuma briga, apenas os disparos de arma de fogo.
Porém, pensou que se tratava de fogos, já que na hora o jogo do Flamengo estava terminando. Depois, saiu na rua e viu o policial fardado saindo de casa com os dois filhos.
O PM levou os dois filhos do casal, de 3 e 5 anos, para a casa do pai, em Cuiabá. Lá, ele deixou o carro utilizado na fuga e a arma do crime. Polícia Militar chegou antes do local e pegou a arma.
Delegado Pick ainda acusou a PM de mexer na cena do crime. Já na madrugada de segunda, ao se apresentar na delegacia, a arma também foi entregue.
Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. Caso segue sob investigação.
Leia a nota na íntegra:
"NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) esclarece que as incisões e suturas encontradas no corpo de Gabrielli Daniel de Souza, são resultantes da realização de técnicas de abertura do corpo para a realização do exame de necropsia.
Estes procedimentos são aplicados a todos os corpos submetidos ao exame. Gabrielli foi vítima de feminicídio no domingo (25.05), em Cuiabá.
As incisões cirúrgicas no braço e nas costas, e atrás da orelha, são necessárias para a localização os projéteis alojados na vítima, identificação da trajetória do tiro, e que deixam lesões no corpo após término.
O exame de necropsia não apontou lesões corporais decorrentes de agressões, exceto as lesões por arma de fogo que causaram a morte da vítima."