Preso por manter esposa em cárcere, vereador paga R$ 2 mil e deixa cadeia em MT

 

O juiz Luís Otávio Tonello dos Santos, da Comarca de Ribeirão Cascalheira (983 km de Cuiabá), concedeu liberdade provisória ao vereador José Soares de Sousa, conhecido com Zé Fadiga (MDB), preso em flagrante pelos crimes de ameaça, violência psicológica e cárcere privado praticados contra a sua esposa, de 42 anos. O magistrado fixou fiança no valor de R$ 2,1 mil (um salário mínimo e meio) e não determinou medidas cautelares durante a audiência de custódia realizada no último sábado (22).

A prisão do parlamentar foi efetuada pela Polícia Civil, na última sexta-feira (21), relativa aos crimes praticados no âmbito da violência doméstica, após a vítima procurar a delegacia relatando que o seu companheiro a vem agredindo e mantendo em cárcere privado, sendo proibida de sair de casa sozinha e de usar meios de comunicação. A vítima narrou que os fatos ocorrem há algum tempo, porém não denunciou o marido antes por medo das constantes ameaças de morte que recebia dele.

Segundo as informações, a mulher era agredida com pancadas na cabeça, xingamentos e constantes ameaças. Além disso, há seis meses o suspeito instalou câmeras de segurança na residência para monitorá-la e colocando pessoas na rua para vigiá-la, caso ela saísse de casa. Consta ainda no registro policial que na semana anterior, após uma nova agressão a vítima pediu ajuda a um familiar escondido, porém o marido acabou descobrindo e a torturou.

Há diversos vídeos das agressões praticadas pelo suspeito contra a vítima. Na quinta-feira (20), enquanto retornavam de uma reunião política, o suspeito novamente ameaçou a vítima por “ter dado atenção para outras pessoas”. As ameaças continuaram na sexta-feira (21), ocasião em que a vítima decidiu procurar a polícia, que realizaram diligências que resultaram na prisão em flagrante do vereador.

Na audiência de custódia, a promotora de Justiça Bruna Caroline de Almeida Affornalli requereu pela liberdade provisória com aplicação de medidas cautelares diversas, dentre elas monitoramento eletrônico, comparecimento mensal e afastamento do lar do parlamentar. A defesa, por sua vez, pediu a liberdade provisória sem a colocação de monitoramento eletrônico.

O juiz Luís Otávio Tonello dos Santos acatou o pedido da defesa e considerou o pedido do Ministério Público pela liberdade do custodiado, mas não determinou o monitoramento eletrônico uma vez que o legislador possui endereço fixo é figura pública exercendo vereança no município. 

"Considerando o exposto, concedo ao autuado José Soares de Sousa o benefício da liberdade provisória, mediante o pagamento de fiança, impondo-lhe as seguintes medidas cautelares: pagamento de fiança, no valor de um salário-mínimo e meio; comparecer mensalmente em Juízo de seu domicílio; comparecer a todos os atos processuais e extraprocessuais que for convocado, colaborando com a Justiça; e cumprir com as condições impostas na medida protetiva", determinou o magistrado.