02:02
Soldado da Polícia Militar, Ricker Maximiano de Moraes, de 35 anos, que matou a tiros a esposa, Gabrielle Daniel de Moraes, de 31 anos, em 25 de maio, em Cuiabá, solicitou na Justiça a transferência do júri popular, em que será julgado pela tentativa de homicídio de um adolescente de 17 anos — crime ocorrido em 23 de junho de 2018 — para Rosário Oeste. No entanto, a desembargadora Juanit Clait Duarte, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) negou o pedido. O júri está marcado para o dia 8 de julho de 2025, às 9h.
A defesa argumentou que, por causa da grande repercussão social do caso e também por testemunhas envolvidas, o julgamento tem recebido muita atenção da mídia local e das redes sociais. Segundo a defesa, essa atenção gerou uma comoção em Cuiabá, levando a um sentimento de linchamento moral.
Os advogados afirmam que a opinião pública está formando julgamentos não baseados apenas nas provas do processo, mas também por causa de sua personalidade. Para a defesa, isso cria um risco de que ele seja condenado não pelos fatos em si, mas por estigmas sociais e morais, o que pode prejudicar a imparcialidade do júri.
"Com estes argumentos, requer, e, no mérito, o desaforamento do julgamento para comarca diversa , sugerindo a Comarca de Rosário Oeste/MT adequada para tanto", solicitou. Ao negar o pedido, a desembargadora destaca que não há provas concretas de que a imparcialidade do júri esteja comprometida, mesmo diante da repercussão social e midiática do caso.
Considerou ainda o fato de Cuiabá ser uma cidade grande, com uma população de mais de 650 mil habitantes, acostumada a notícias de crimes de repercussão.
"Por fim, a jurisprudência é pacífica no sentido de que o mero descontentamento da defesa com eventual repercussão social dos fatos, ou com a existência de notícias veiculadas na mídia, não se revela, por si só, fundamento suficiente para o deferimento do desaforamento, que, como cediço, possui natureza absolutamente excepcional e exige demonstração cabal de comprometimento efetivo da imparcialidade dos jurados — o que não se verifica no presente caso. Destarte, concluo não estarem presentes fundamentos concretos que justifiquem, em sede liminar, o pedido de desaforamento, razão pela qual indefiro pleiteada", traz despacho.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO
Conforme o Ministério Público Estadual (MPMT), na ocasião, o policial Ricker de Moraes tentou matar W. V. S. C., de 17 anos na época, na Avenida General Melo, em frente à Casa dos Concursos. Segundo o processo, W. estava voltando para casa com dois amigos, caminhando pela rua, conversando e rindo.
Nesse momento, eles viram um casal brigando na rua — era Ricker e sua então namorada. Ricker então falou aos jovens: “O que vocês estão rindo? Vaza, vaza”, e tirou uma arma da cintura.Os jovens começaram a correr, e Ricker também começou a perseguí-los. Após alguns metros, Ricker parou e atirou por trás, quando a vítima tentava fugir.
O tiro atingiu o quadril do jovem. Ele foi socorrido e precisou passar por uma cirurgia de emergência.
Conforme o MPMT, o jovem sofreu danos permanentes e agora tem dificuldades para sentir e controlar a urina, precisando usar sonda para urinar. O órgão denunciou Ricker por tentativa de homicídio com motivo fútil e por usar recurso que dificultou a defesa.
Além disso, pediu que, ao ser julgado e condenado, ele seja obrigado a pagar uma indenização pelos danos causados à vítima, tanto materiais quanto morais.
ASSASSINO DA ESPOSA
O feminicídio de Gabrielle ocorreu em uma casa localizada na Rua Paraju, no bairro Praeirinho, em Cuiabá.
Após matar a esposa, Ricker fugiu em um veículo Ford Fox com os dois filhos, de 3 e 5 anos. As crianças foram deixadas na casa dos avós pelo suspeito. No local do crime, os policiais encontraram a vítima na cozinha, atingida por três disparos de arma de fogo, calibre .40.
Moradores da região relataram não ter ouvido discussão, apenas disparos, achando que se tratavam de fogos de artifício.Em setembro de 2023, o militar matou um cachorro pitbull a tiros no bairro Shangri-lá, em Cuiabá, alegando que agiu para proteger a filha.
Paulo
Sexta-Feira, 27 de Junho de 2025, 16h04