O juiz eleitoral Carlos Roberto Barros de Campos, do Núcleo Regional Eleitoral Das Garantias do TRE/MT, proibiu seis pessoas investigadas por suspeita de compra de votos em Jauru de manterem contato com o prefeito Valdecir Rosa de Oliveira, o Passarinho (UB), e outros familiares dele. A decisão se deve após denúncias de que um advogado da vice-prefeita Enercia Monteiro (PSB) tentou pressionar testemunhas para mudar depoimentos que ligam os acusados a um esquema de compra de votos.
Enércia é investigada, juntamente com o prefeito, em uma representação eleitoral feita pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por compra de votos, após pessoas terem sido flagradas saindo com dinheiro da casa da política, após um monitoramento da Polícia Civil, que utilizou até mesmo um drone, por conta de uma denúncia anônima. Além dos gestores, os investigados na ação são Nelsina Ferreira de Oliveira Gomes (secretária de Educação), José Cicero da Silva, Carlos Domingos da Costa (secretário de Obras), Ronson Kenedes de Souza (candidato a vereador) e João do Carmo de Souza (vereador).
Conforme a denúncia, um advogado que representa os investigados ligou para Valdecir e sugeriu que Valdirene mudasse seu depoimento na polícia. O advogado teria dito que, caso ela aceitasse, poderia ser indicado outro delegado para o caso.
O juiz Carlos Roberto Barros de Campos afirmou que a medida é necessária para evitar que os investigados atrapalhem as investigações ou pressionem a família. A proibição vale até o fim do processo.
Eles não podem se comunicar com Valdecir a esposa dele ou outros familiares, nem pessoalmente nem por meio de outras pessoas. A eleição em Jauru foi uma das mais disputadas do Estado.
Passarinho obteve 2.604 votos (50,90% dos válidos) contra 2.512 de Waldir Garcia (PL) (49,10%), numa diferença de apenas 92 eleitores. Segundo os autos, no dia 3 de outubro, três dias antes da eleição, a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima informando que na casa da candidata estaria ocorrendo compra de votos, com distribuição de dinheiro e santinhos.
O denunciante informou que uma pessoa iria até a casa de Enércia para receber valores, descrevendo que estaria vestindo uma blusa rosa e portando uma mochila. Os policiais civis então se dirigiram até o local, onde passaram a fazer o monitoramento da residência, utilizando até mesmo um drone, o que permitiu captar o fluxo de pessoas que compareciam ao local e identificar a pessoa descrita na denúncia.
Ela foi detida. Na delegacia, a mulher confirmou ter recebido a quantia de R$ 500,00 como pagamento para votar nos candidatos e participar de um comício.
Ela afirmou ainda que receberia mais R$ 500,00 após sua participação nos eventos. Os policiais então se dirigiram novamente até a casa de Enércia, mas antes de entrarem na residência, se depararam com a secretária Municipal de Educação, Nelsina Ferreira de Oliveira Gomes, tendo encontrado com ela R$ 1,2 mil. (leia mais aqui)
“Diante desse contexto, os policiais adentraram na residência, onde localizaram Ronson Kenes de Souza, candidato a vereador não eleito, com a quantia de R$ 600,00; José Cícero da Silva, portando R$ 1 mil; e Carlos Domingos da Costa, secretário Municipal de Obras, com R$ 2,4 mil. Além disso, foram encontradas na residência da representada 4 folhas de cheques em seu nome, devidamente assinadas, mas sem valores preenchidos nem identificação dos destinatários”, detalhou o MPE.
Após o flagrante e a eleição, no dia 9 de outubro, o vereador João do Carmo de Souza, o “Loro do Som”, foi até a residência de Valdirene, onde encontrou o esposo dela, tendo ligado de lá para a vice-prefeita. Ele foi orientado então para ligar para o advogado Dayann do Nascimento, que teria orientado a mulher a mudar seu depoimento na delegacia, inclusive sugerindo a possibilidade de se designar outro delegado para o caso.