AL vê estrelismo de secretário e ameaça CPI: "não atende nem telefone"

 

Os deputados estaduais Janaína Riva (MDB) e Diego Guimarães (Republicanos) manifestaram indignação contra o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, durante a sessão desta quarta-feira (16). A dupla chegou a propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na área por conta da pasta não acatar decisões liminares da população que busca vagas em leitos nas unidades do estado. 

Janaína afirmou que a "indignação" seria de todos os parlamentares, e citou Faissal Calil (Cidadania) como exemplo. “Essa indignação é de todos os deputados. Ontem, o deputado Faissal colocou o caso do doutor Iron, ex-prefeito de Confresa, baleado e que estava esperando uma UTI, mas ele é um homem público, quantos mais mato-grossenses não estão a espera e nós não conhecemos”, comentou. 

A emedebista deixou no ar que Figueiredo é o primeiro suplente do União Brasil e deve concorrer a uma vaga na ALMT em 2026. “Um estado que é rico e que o pobre padece. E agora começou a chegar o período eleitoral de novo e secretário fazendo política no interior do estado e a Saúde nessa situação”, disparou. 

Na tribuna, ela apresentou soluções para desafogar vagas em algumas regiões, como uma pactuação em Rondolândia e o Estado de Rondônia, além de Peixoto de Azevedo, Guarantã do Norte e Matupá com o Para. Riva ainda avisou que assim como ela, outros colegas estariam prontos para assinar a CPI da Saúde, mesmo com a base governista sendo maioria na Casa de Leis. “Também quero assinar a CPI da Saúde para fazer um levantamento dos recursos, porque nós não suportamos mais isso. A realidade é que temos que ajudar a população a ir atrás de um mandado de segurança, cobrar os juízes da Vara da Saúde, que se não fosse ela a situação seria muito pior. O Estado não cumpre a liminar e temos que ir atrás de novo do Poder Judiciário para bloquear recursos porque o Estado não cumpre. Nessa espera são muitos que estão morrendo”. 

Mais revoltado ainda, Diego pediu uma parte e avisou que não irá “carregar sobre seus ombros” a morte de pessoas que poderiam ser salvas por informação e atendimento. Disse que desde o último sábado (12) tenta falar com o secretário Gilberto Figueiredo e ele nem atende o telefone. “Eu sei que ele não tem como tirar vaga de ninguém, mas não dá em um Estado rico como o nosso não cuidar de gente. Atenda o telefone, dê informações, busque novos leitos, convenie com a iniciativa privada porque ficar fazendo bloqueio de conta judicial é muito mais caro do que comprar vagas na iniciativa privada”, comparou. 

Guimarães ainda lembrou o tempo em que era vereador de Cuiabá ao lado de Figueiredo, citando que o secretário era mais “humilde” naquela época. “Eu te conheço. Quando você foi vereador conosco na Câmara era parceiro, amigo, conversava depois que virou secretário é difícil atender uma ligação, isso com todos nós deputados. Sou da base, sou amigo e parceiro, mas se for preciso abrir uma CPI para investigar o porquê da Saúde anda tão engessada. Os hospitais regionais estão inchados com orçamento gigantesco e estou pronto para assinar”, afirmou. 

De acordo com o republicano, a falta de vagas nas unidades terciárias prejudica a saúde primária e secundária da saúde. “Não anda nada e fica UPA, Policlínicas e Hospitais Municipais lotados porque a regulação não anda. Já tentei falar com secretário Fabio Garcia, governador e nada, é revoltante e vidas se perdem”, desabafou. 

Por fim, a deputada Valdeniria Dutra (PSB) também lamentou a posição de Figueiredo e deu dicas para a população buscar seus direitos. “O TJMT, através das liminares, tem ajudado muito as pessoas. Quero dizer que as pessoas que estão precisando da vaga peçam a cópia do SISREG atualizada, com a negativa de vaga, pega uma declaração atualizada do médico e os exames e busquem a Defensoria Pública”. 

OUTRO LADO 

Após a divulgação da matéria, a assessoria da SES-MT encaminhou uma nota à reportagem.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) esclarece que o secretário Gilberto Figueiredo segue à disposição de todos os parlamentares para atendimentos presenciais. O gestor prioriza o atendimento aos parlamentares, mesmo quando não há agendamento prévio.

Nesse caso específico, o gestor não atendeu no momento em que o deputado ligou, mas retornou à referida ligação. O secretário recebeu a demanda e encaminhou a situação para o setor competente, que trabalha na busca por uma vaga que atenda às necessidades do paciente.