A defesa do cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior afirmou que vai recorrer da decisão dos juízes militares, que manteve a prisão do policial denunciado por participação no esquema de interceptações clandestinas operado em Mato Grosso, supostamente a mando do 1º escalão do governo Pedro Taques (PSDB). Para a defesa, houve disparidade na análise do pedido de soltura.
A manutenção da prisão foi decidida na tarde desta sexta-feira (9), ao término da audiência de instrução do processo oriundo do esquema dos grampos que analisou o pedido de soltura do cabo Gerson Corrêa e do coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante-geral da Polícia Militar.
Na ocasião, os juízes mantiveram a prisão do cabo, porém, concederam liberdade ao coronel Zaqueu Barbosa, que obteve a substituição da prisão preventiva pela domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Ambos foram presos em maio do ano passado e denunciados pelo procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, acusados de participação dos grampos militares executados por meio da modalidade "barriga de aluguel”. Teriam sido vitimas dos grampos centenas de pessoas, entre políticos, empresários, jornalistas e um desembargador aposentado.
Para o advogado Neyman Augusto Monteiro, que faz a defesa do cabo Gerson, houve “uma disparidade incrível” no julgamento de ambos os pedidos de soltura. Isto porque pesam contra o cabo “somente” dois crimes - falsidade ideológica e falsificação de documentos – mas, apesar disso, ele não obteve liberdade. “Disparidade incrível, que nem tem o que eu falar, porque se falar, vai falar coisa que não deve”, disse o advogado.
Questionado se acreditava que a decisão se deu em decorrência das diferentes patentes dos dois militares, a defesa preferiu não se manifestar. Contudo, insinuou que o fato de o coronel estar sendo julgado por juízes militares, que também são coronéis, pode ter influenciado na decisão de soltura do coronel Zaqueu. “Eu não quero me manifestar nessa situação, mas fica a critério de vocês. O coronel tem mais crimes que ele e foi concedida a soltura, a liberdade dele. O Gerson tem dois crimes só, imputados a ele. O coronel tem mais e conseguiu liberdade”, reforçou.
Agora, a defesa assegurou que vai impetrar um novo pedido de habeas corpus para tentar colocar o cabo Gerson em liberdade. Sobre a possibilidade de que o seu cliente firme um acordo de delação premiada, que poderia culminar em sua soltura e no pleno esclarecimento de todo o esquema, a defesa afirmou que ainda não analisa essa possibilidade. “Agora não está se pensando nisso. Temos que sentar com ele com mais calma, após levar uma paulada dessas”, afirmou o advogado Neyman Augusto Monteiro.
AUREM?CIO CARVALHO
Sábado, 10 de Fevereiro de 2018, 09h36