Mesmo dispensado da EIG Mercados Ltda, o ex-executivo Valter José Kobori teria cobrado um “bônus” da empresa que prestava serviço ao Detran-MT e é investigada na Operação Bereré. De acordo com o proprietário da EIG, José Ferreira Gonçalves Neto, os valores seriam referentes ao pagamento de propina acertado entre seu ex-funcionário e o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques.

De acordo com José Ferreira, que fez acordo de colaboração premiada com o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), Kobori solicitou em 2015, uma propina no valor de R$ 1,2 milhão para ser repassada a Paulo Taques. Segundo o empresário, o valor foi pago em 10 vezes, em 2016.

Em agosto do mesmo ano, José Ferreira Gonçalves Neto dispensou Kobori da EIG Mercados. O agora ex-executivo o advertiu, após a rescisão, de que precisaria receber o “bônus”, pois “já havia assumido compromisso com esse valor no estado de Mato Grosso”, diz o inquérito do Ministério Público Estadual (MPE).

Após o fim dos pagamentos de propina por parte da EIG para Paulo Taques, através de Kobori, o irmão de Paulo, Pedro Jorge Zamar Taques teria ligado para José Ferreira “pedindo para que mantivesse Kobori na empresa, visto que tinha assunto pendente no Estado para resolver”. No telefonema, ele também pediu para que o empresário comparecesse em Cuiabá para conversar.

Segundo o MPE, Pedro Zamar Taques deixou claro que Kobori estava alinhado com ele e com seu irmão, Paulo Taques, nos pagamentos dos ‘bônus’. As investigações fazem parte da segunda fase da Operação Bereré, chamada de “Operação Bônus”, deflagrada em maio pelo Gaeco, que apura um esquema de corrupção no Detran-MT.

Foram cumpridos seis mandados de prisão. Além de Paulo Taques, Valter Kobori e Pedro Jorge Taques, seguem detidos os empresários Roque Anildo e Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, conhecido como "Grilo", e o deputado estadual Mauro Savi (DEM).