O juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, mandou citar e intimar o suposto chinês Mauro Chen Guo Quin, acusado de participação numa organização criminosa que praticava estelionato por meio do Grupo Soy e réu em ação penal derivada da Operação Castelo de Areia, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), em 2016, e que teve como um dos alvos o ex-presidente da Câmara de Cuiabá, João Emanuel Moreira Lima.
O réu terá que ser intimado para apresentar resposta à acusação no processo, que foi desmembrado neste ano, mas tramita desde setembro de 2016, sem que ele tenha aparecido para se defender e responder ao processo.
Conforme o edital de citação, publicado nesta quarta-feira (5), no Diário de Justiça do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), caso o prazo de 15 dias do edital decorra sem que Mauro Chen tenha comparecido ou constituído advogado nos autos, será aberto prazo para que o Ministério Público Estadual (MPE) se manifeste sobre a necessidade de decretação de prisão preventiva e produção antecipada de provas em relação ao acusado.
No edital, consta que o suposto chinês (uma vez que em sua identificação ele também aparece como brasileiro e as vítimas já ouvidas no processo original não sabem dizer ao certo a origem do acusado) tem como endereço o bairro Vila Mercês, em São Paulo (SP). Ao mesmo tempo, também consta que atualmente o réu encontra-se em lugar “incerto e não sabido”. Caso encontrado pelos oficiais de justiça, Mauro Chen terá o prazo de 10 dias para apresentar resposta à acusação.
Também figuram como réus, em processo separado, o advogado Lázaro Moreira Lima, o juiz aposentado e advogado Irênio Lima Fernandes, Marcelo de Melo Costa, Evandro José Goulart. Consta na denúncia que o grupo aplicou golpes milionários em pessoas interessadas em abrir negócios por meio de investimento estrangeiro, utilizando empresas de fachada como a American Business Corporation Shares Brasil Ltda e Soy Group Holding America Ltda.
Essas empresas atuavam, em tese, no ramo de mercado financeiro com a captação de recursos no exterior, cujas taxas de juros teriam, supostamente, valor inferior ao praticado no Brasil, atraindo, assim, o interesse de investidores, agricultores e empresários, que aparecem como vítimas no processo.
Conforme relatos delas, João Emanuel era quem lhes apresentava Mauro Chen, como o representante de um banco estrangeiro que viabilizaria o empréstimo de que precisavam, e com ele conversava em língua estrangeira, supostamente mandarim, e traduzindo para as vítimas.