A deputada estadual Janaina Riva (MDB) usou mais uma vez a tribuna na sessão desta quarta-feira (16) para denunciar o colapso da saúde pública em Mato Grosso e escancarou a ausência de prioridades do governo estadual com a vida da população que depende do atendimento público. Segundo ela, enquanto o Executivo gasta bilhões uma parques e eventos, pessoas morrem à espera de uma vaga de UTI.
“A região Vale do Arinos, por exemplo, que a minha região onde nasci, que engloba os municípios de Juara, Novo Horizonte, Porto dos Gaúchos e Tabaporã, está sem regulação na saúde, olha que absurdo. Nós estamos tendo que nos consolar, se assim posso dizer porque a saúde no estado está caótica, nos braços da regulação de Sinop. Os municípios do Vale do Arinos que antes tinham dois reguladores, estão tendo que esperar essa demanda para serem atendidos pelo consórcio do Teles Pires”, denunciou.
A situação chegou ao limite, segundo ela, e os gabinetes parlamentares viraram balcão de desespero de quem clama por socorro. “É o dia inteiro pedido de UTI, para gente intervir com ajuda jurídica em prol de uma criança, de um idoso, de uma gestante, de um homem que está com problema cardíaco. Isso tem sido todos os dias e a demanda tem aumentado muito”, desabafou.
Janaina relatou ainda que a maioria dos atendimentos só acontece por meio de decisões judiciais, mas nem essas têm sido cumpridas. “Nós temos que ajudar a população a ir atrás de um mandado de segurança, nós temos que ajudar cobrando dos juízes da vara da saúde, e se não fosse a vara da saúde, a situação seria muito pior. […] E nessa espera são muitos que tão morrendo esperando”, declarou.
A deputada mencionou o caso do ex-prefeito de Confresa, Iron Marques, baleado e que aguardava vaga em UTI. “Não sei se até agora ele conseguiu a UTI dele, mas ele é um homem público, que a gente tem conhecimento e consegue chegar até nós. Quantos mato-grossenses estão à espera de uma UTI que nós desconhecemos e nem temos a oportunidade de ajudar?”, indagou.
Ela também cobrou mais transparência no sistema. “Por que os deputados estaduais não têm acesso ao sistema de regulação da saúde? O deputado tinha que ter acesso para acompanhar. Não é pra alimentar, mas o nosso papel é fiscalizar, portanto é um direito nosso saber o tamanho da fila de espera, saber quantos estão morrendo sem ter atendimento”, disse.
A parlamentar criticou ainda o contraste entre a ostentação do governo e o sofrimento da população. “O governo do estado é craque para fazer videozinhos de luxo, esbanjando e aquela coisa toda. É fotógrafo, é staff para todo governo, mas será que não é possível que hoje com os novos tempos tecnológicos, o governo não tem um suporte para acompanhar nas redes sociais e ver famílias e famílias fazendo apelos diários nas redes sociais por saúde? O POP fez uma publicação nas redes sociais onde relatou o caso de uma criança que há anos vive com uma bolsa de colostomia a espera de cirurgia. Marcaram a primeira-dama, marcaram o governador, marcaram o secretário e ninguém respondeu” questionou.
A revolta da deputada ganhou força ao citar os investimentos supérfluos anunciados pelo governo. “Em um estado que vai gastar até R$ 3 bilhões em um parque, onde a primeira-dama é denunciada por pagar mais de R$ 450 mil com a locação de tenda para 3 dias de evento, a nossa revolta é essa: o nosso estado é rico, mas é rico onde o pobre padece, o pobre não tem relevância. Quantos estão morrendo e não têm importância para essa gestão?”, denunciou.
Ela encerrou apoiando a proposta de abertura de uma CPI da Saúde. “Concordo com a fala do deputado Diego Guimarães, que talvez o caminho seja a CPI da Saúde. Acho importantíssimo para fazer um levantamento dos recursos da saúde, onde o dinheiro está sendo investido, como ele está sendo investido e por que é que está faltando recurso e orçamento na saúde. Agora é a hora de cobrar resultados do governo. Porque não tem entregue resultado à população”, finalizou.