A prefeita eleita de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, Flávia Moretti (PL), confirmou que realizará o processo de concessão do Departamento de Água e Esgoto do município (DAE/VG). Flávia Moretti esteve ao lado do vice-prefeito eleito, Tião da Zaeli (PL), numa coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (8), em Várzea Grande.

Ela não deu prazo para levar a cabo o processo de concessão, porém, indicou que deve encaminhar a questão no início de seu mandato. Questionada sobre como iria “convencer” os vereadores de Várzea Grande a apoiar sua iniciativa, Moretti respondeu que vai “dialogar”, advertindo que a população da cidade “tem sede”. “Dialogando, conversando, e os vereadores sabem, eles foram eleitos com as mesmas pautas que a minha. Eles querem resolver os problemas da população também. Mais convencimento de não ter água? O convencimento é do povo, é a sede. Vai ser feito um diagnóstico e no tempo certo vai ser enviado [o projeto de concessão]. DAE não se barganha, a água não vai ser barganhada”, garantiu ela.

Flávia Moretti e Tião da Zaeli também comentaram que irão “enxugar” o número de servidores comissionados e de confiança do município, anunciando que um concurso público será realizado na cidade e que o coordenador da equipe de transição será o advogado Maurício Magalhães Neto. “A gestão atual está inchada na folha de pagamento, [extrapolou] o limite do teto do Tribunal de Contas. Vai ter que enxugar. Tem que fazer concurso público, reajuste salarial, depois que a gente abrir as contas, vai ter que fazer um escalonamento para pagar o RGA”, disseram a prefeita e vice eleitos.

Os políticos eleitos também comentaram que irão dialogar com a Câmara de Vereadores para  redução do IPTU em 2025. Segundo eles, o atual prefeito, Kalil Baracat (MDB), firmou um acordo na justiça que prevê o aumento de 33% do valor do imposto predial sobre o índice da planta genérica. “A planta genérica está fora da realidade. Tem gente vendendo casa de R$ 100 mil. Vai lá na prefeitura o valor da planta genérica é R$ 150 mil ou R$ 200 mil. Queremos revisão da planta genérica”, indica.

Em relação à mobilidade urbana, Flávia Moretti não garantiu um “alinhamento automático” com o Governo do Estado, que toca as obras do BRT que cortam Várzea Grande. Ela revela que irá analisar os estudos do sistema de transporte e que eventualmente terá que sentar para “conversar” com o governador Mauro Mendes (União).

“Vou analisar o projeto primeiro, não tenho conhecimento do projeto em si, vou ver como vai ficar a linha de ônibus, o impacto do trânsito local, e eu quero ver os estudos técnicos do Governo do Estado. Se eu ver que realmente é viável, ok, se não vamos ter que sentar com o governador”.

LIGAÇÕES POLÍTICAS

Um dos maiores temores de um político eleito para comandar Várzea Grande é a família Campos, que exerce o poder no município desde os anos 1940. Nas últimas décadas, todos os prefeitos do município, que não tinham a “benção” dos Campos, não terminaram seus mandatos.

Nesse sentido, Flávia Moretti mandou um recado à oligarquia familiar, dizendo que a realidade atual pode ser diferente e confiando no Congresso Nacional. O PL, partido da prefeita eleita e do vice, possui a maior bancada na Câmara e é a segunda maior força no Senado.

“A diferença hoje é que temos a bancada do PL muito forte em Brasília. Aqui no Estado também, além dos demais partidos que caminharam com a gente. Os deputados e senadores sabem que vão precisar de Várzea Grande para a eleição de 2026, então eles vão ter que nos ajudar com o serviço de casa. E serão cobrados”, avisou Flávia Moretti.

Falando em “ligações políticas”, Moretti e Zaeli revelaram que não receberam nenhum “telefonema” do prefeito Kalil Baracat - que mesmo apoiado pelos Campos, deixa a prefeitura de Várzea Grande após seu primeiro mandato -, nem dos próprios Campos.

Atualmente, Júlio Campos (União-MT) é deputado estadual na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), e Jayme Campos (União-MT) é senador da República. Tião da Zaeli refletiu sobre os motivos dos políticos não terem ligado para parabenizá-los sobre a vitória nas urnas e sugeriu que “a bateria deve ter descarregado”.